Capela dos mártires, Catedral de Orange |
Religiosa beneditina do convento de Caderousse
Suzana Ágata Deloye nasceu em Sérignan,
cidade limítrofe com Orange, no dia 4 de fevereiro de 1741, filha de José Alexis
Deloye e Suzana Jean-Clerc. Depois de uma infância inteira passada nas práticas
mais fervorosas de piedade, tendo um pouco mais de vinte anos de idade, ela
pediu e obteve o seu ingresso no mosteiro beneditino de Caderousse, sob a
invocação da Assunção de Nossa Senhora.
Ali
viveu Irmã Maria Rosa, ali ela fez sua profissão, ali, por fim, por mais de
trinta anos, ela se preparou, por sua fidelidade aos deveres diários de sua
vocação, para a glória do martírio.
Ela
deveria abrir caminho para suas companheiras de prisão, e de ser a primeira a
se apresentar para as bodas do Cordeiro.
A supressão das Ordens religiosas a fez
voltar para sua família por algum tempo. Retirada em Sérignan, ela permaneceu
ali até 10 de maio de 1794, edificando os seus familiares por sua piedade, e levando
no mundo uma vida de santa monja. Porque as religiosas que pela malícia dos acontecimentos
retornavam para a vida secular, não se acreditavam livres de suas obrigações
monásticas. Um pequeno livro de poucas páginas que se fazia circular entre elas,
lembrava os votos que as ligavam e as características da vida monástica que
tinham de manter no século.
Sob
o título de As regras para a conduta das religiosas
dispersas pela Revolução, elas aí encontravam as instruções mais sábias.
Maria Rosa deve ter lido o livro. A casa onde ela encontrou refúgio era de seu
próprio irmão, Pedro Alexis. Bom cristão, ele educou seus filhos na piedade e
estrita observância das leis da Igreja. Duas de suas filhas deixaram a casa
paterna para se consagrar a Deus a serviço dos pobres no Hospital Santa Marta
de Avignon; uma terceira, Teresa Rosália Deloye, tendo entrado no Santíssimo
Sacramento de Bollène, seria a última a vestir o hábito em 23 de novembro de
1790.
Além
disso, embora sabendo que estava pondo sua cabeça em risco, ele escondeu no
sótão, nos piores dias do Terror, um padre não juramentado de
Saint-Paul-Trois-Châteaux. Por sua audácia e sangue frio ele se impôs aos revolucionários,
foi capaz de evitar suas perseguições e graças a ele os fiéis da região puderam
às vezes assistir a missa e receber os sacramentos.
Em
2 de março de 1794, a bem-aventurada beneditina foi convocada pela municipalidade
de Sérignan, em companhia de Henriete Faurie e Andreia Minutte, para prestar
juramento de acordo com a lei. "Todas
se recusaram a fazer o juramento, apesar de tudo o que foi feito pelo prefeito
para fazê-las aceitar".
O
fracasso desta primeira tentativa não desanimou os municipais. Um período de dez
dias "para que elas refletissem
sobre uma recusa que não devia existir” foi dado às três religiosas, mas no
sétimo dia foram convocadas novamente, e Irmã Maria Rosa persistiu na recusa,
bem como suas duas companheiras.
O
Comitê de Supervisão de sua região a colocou na prisão, e a conduziu a Orange,
com as duas religiosas do Santíssimo Sacramento de Bollène, Henriete Faurie e
Andreia Minutte, e um padre, o Cônego Lusignan. A partir desse momento a causa
de sua prisão pareceu óbvia. "Enviamos”,
escreve o Comité de Sérignan ao de Orange, “as
três religiosas não juramentadas que temos aqui". Nenhum outro delito
era imputado a Irmã Maria Rosa, a não ser sua recusa em prestar um juramento
que sua consciência rejeitava. E que culpa seriam capazes de descobrir na vida
desta beneditina cujas ações e palavras eram edificantes e puras?
Deus
quis que a partir daquele momento a Irmã Maria Rosa conhecesse a amargura
específica a determinados mártires. A municipalidade de Sérignan a conduziu a Orange
na carroça de seu irmão Alexis, dirigida por seu empregado acompanhado de dois
Guardas Nacionais.
Na
prisão da Cure, onde a Irmã Maria Rosa ficou presa desde o dia de sua chegada,
10 de maio, estavam presas há oito dias as religiosas aprisionadas no final de
março.
A presença e o fervor destas santas mulheres já tinham dado à escura prisão a aparência de um convento. Lá elas seguiam uma regra e praticavam seus exercícios regulares, e até mesmo se engajavam em algumas austeridades compatíveis com a sua situação. Irmã Maria Rosa encontrou ali, sob uma forma ligeiramente diferente, mas no seu essencial, suas práticas beneditinas. E alegremente tomou seu lugar entre as prisioneiras e participou das suas orações e penitências.
A presença e o fervor destas santas mulheres já tinham dado à escura prisão a aparência de um convento. Lá elas seguiam uma regra e praticavam seus exercícios regulares, e até mesmo se engajavam em algumas austeridades compatíveis com a sua situação. Irmã Maria Rosa encontrou ali, sob uma forma ligeiramente diferente, mas no seu essencial, suas práticas beneditinas. E alegremente tomou seu lugar entre as prisioneiras e participou das suas orações e penitências.
Quase
dois meses se passaram assim. Em 5 de julho, ela foi chamada ao tribunal da
Comissão do Povo. Os juízes esperavam que tendo sido chamada a primeira e única
de suas companheiras, ela enfraqueceria e reconsiderando sua intransigência
prestaria enfim o juramento prescrito. Além disso, o presidente Fauvéty
imediatamente trouxe o interrogatório em seu verdadeiro ponto, e lhe propôs jurar
imediatamente, como diziam então, e obedecer à lei. Irmã Maria Rosa recusou com
firmeza, declarando que ela sobretudo via o juramento como uma verdadeira
apostasia.
O
acusador público Viot tinha uma tarefa fácil. Sobre a cabeça desta primeira
vítima, condenada já por sua confissão corajosa a uma morte próxima, ele
acumulou palavras retumbantes, mas assassinas, com que ele condenaria todas as
suas companheiras. "Muito inimiga da
liberdade, esta jovem tem tentado de tudo para destruir a república pelo
fanatismo e pela superstição. Ela recusou o juramento que foi exigido dela, ela
queria acender a guerra civil... etc.".
“O
fanatismo, a superstição”, aquilo significava na linguagem revolucionária a
fidelidade à Igreja, seus sacramentos, seu culto, seus sacerdotes. Ninguém
naquela época se enganava com isso e teria sido difícil manter a este respeito
as menores ilusões. Fouquier-Tinville
ele
próprio tinha precisado o significado destas palavras encontradas em todos os
indiciamentos de nossos veneráveis. Em 17 de julho 1794, uma carmelita de Compiègne
acusada de fanatismo perguntou o que significava. O procurador-geral respondeu
entre as mais horríveis blasfêmias: "Por
fanatismo, eu entendo o seu apego às
práticas pueris e às suas crenças tolas".
Condenada
à morte em 6 de julho, a Irmã Maria Rosa foi executada no mesmo dia às 18:00.
Com ela morreu pela mesma causa um sacerdote santo, o Cônego Antoine Lusignan.
Sua emulação para morrer como dignos mártires, diz um de seus historiadores, foi
tal que não podemos dizer se foi a religiosa que sustentou a coragem do
sacerdote, ou o padre que apoiou a da religiosa. O que é certo é que eles foram
para a morte com uma santa alegria. Irmã Maria Rosa mostrou às suas companheiras
o caminho da verdadeira vida. Elas não tardariam a palmilhá-lo.
Foi beatificada pelo Papa Pio XI em 10 de
maio de 1925.
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