Apóstola da Divina
Misericórdia para um mundo cujos pecados clamam por punição
Nosso Senhor Jesus Cristo quis escolher
almas prediletas que atraíssem a Sua Misericórdia, a fim de levar os homens a
renunciar ao pecado, a emendar suas vidas pela penitência e evitar a perdição
individual e coletiva.
Considerando as insondáveis ofensas da
humanidade pecadora, Ele confidenciou que, em virtude de sua perfeita Justiça,
deveria pôr fim ao mundo. Porém, se os homens reformassem suas vidas, Sua
Divina Misericórdia tocaria os corações que se abrissem a ela. Jesus Cristo
poderia inaugurar assim uma era de reconciliação de Deus com os homens, a era
da Sua Misericórdia.
Mas era preciso preparar a humanidade para
essa indispensável mudança de vida, restaurando a moral da família, da
sociedade e do universo. E inclusive, realidade muito mais dolorosa, corrigir a
avançada decadência do clero, inclusive em suas esferas mais altas. Para a
missão de revelar a devoção à Divina Misericórdia, Nosso Senhor escolheu uma
humilde religiosa polonesa.
*
Santa Maria Faustina nasceu no dia 25 de agosto
de 1905, no vilarejo de Glogowiec, próximo da cidade de Turek, terceira filha
de uma prole de dez crianças do casal Mariana e Stanislao Kowalski. No batismo
recebeu o nome de Helena. Frequentou a escola somente por três anos. Era uma
aluna atenta e inteligente, mas a necessidade de ajudar a sua mãe nos trabalhos
a impediram de estudar.
Completados os 15 anos, foi trabalhar como
doméstica na casa de conhecidos dos pais em Aleksandròw Lúdzki; depois
trabalhou em Lúdz e Ostrúwek perto de Varsóvia, até a sua entrada no convento.
Desde criança, sentia o desejo de aproximar-se de Deus, amadurecendo nela a
decisão de torna-se religiosa. Em seu diário, com muita discrição, ela diz:
“Aos
sete anos ouvi pela primeira vez a voz de Deus na minha alma, isto é, a chamada
a uma vida mais perfeita, mas nem sempre obedeci a voz da graça. Não encontrei
ninguém que me esclarecesse estas coisas”.
“O
chamado contínuo da graça era para mim um grande tormento, porém procurava
sufocá-lo com os passatempos. Evitava encontrar-me com Deus intimamente e com
toda a alma me abria às criaturas. ... Uma vez fui a um local de dança com uma
das minhas irmãs. Enquanto todos se divertiam muitíssimo, a minha alma começou
a experimentar íntimos tormentos. No momento em que comecei a dançar, percebi
Jesus perto de mim, Jesus flagelado, sem as suas vestes, todo coberto de
feridas, e que me disse estas palavras: ‘Quanto tempo ainda deverei
suportar-te? Até quando me renegarás?’ No mesmo instante acabou o alegre som da
música; desapareceu da minha vista a companhia com que me encontrava. Ficamos
só Jesus e eu. Sentei-me perto da minha querida irmã, fazendo passar por uma
dor de cabeça aquilo que tinha acontecido dentro de mim. Pouco depois abandonei
a companhia de minha irmã e fui à Catedral de S. Estanislau Kostka. Era quase
noite. Na catedral havia poucas pessoas. Sem dar importância ao que acontecia
ao meu redor, me ajoelhei com os braços apertos diante ao SS. Sacramento e pedi
ao Senhor que se dignasse de me fazer conhecer o que deveria fazer. Então
escutei estas palavras: ‘Parte imediatamente para Varsóvia, lá entrarás no
convento’. Levantei da oração e fui para casa. Fiz as coisas indispensáveis.
Coloquei minha irmã ao corrente do que tinha acontecido à minha alma, pedi a
ela que cumprimentasse nossos pais e assim, só com um vestido, sem nada mais,
cheguei em Varsóvia”.
Era julho de 1924. No mesmo mês Helena se
apresentou à Congregação das Irmãs da Beata Virgem Maria da Misericórdia
pedindo ser admitida. Não lhe foi negado, mas pediram a ela que esperasse um
ano. Finalmente, foi acolhida no convento no dia 1° de agosto de 1925. Durante
a vestição (30/04/1926) recebeu o nome de Maria Faustina.
Irmã Maria Faustina esteve em várias casas
da sua congregação: em Varsóvia, em Plock, em Wilno, em Cracóvia até a sua
morte, e também por breves períodos em Kiekrz, perto de Poznan, em Walendòw e
Derdy e, por motivos de saúde, em Skolimòw perto de Varsóvia e em Rabka.
Ela trabalhou como cozinheira, jardineira,
vigia, como ajudante na padaria e se ocupou dos vestiários do convento. Algumas
ocupações, devido a sua saúde frágil, eram muito cansativas e às vezes
insuportáveis. Em diversas ocasiões, Irmã Maria Faustina foi acusada de simular
a doença para não trabalhar. Isto a fazia sofrer muito, mas não se lamentava.
Irmã Maria Faustina foi uma filha fiel da
Igreja, que ela amava como Mãe e como Corpo Místico de Cristo. Sabendo qual era
o seu lugar na Igreja, colaborava com a Misericórdia Divina na obra da salvação
das almas perdidas. Respondendo ao desejo e ao exemplo de Jesus, oferecia a sua
vida em sacrifício.
A missão de Irmã Maria Faustina foi
descrita no "Diário" que ela escrevia seguindo o desejo de Jesus e à
sugestão dos padres confessores, anotando fielmente todas as palavras de Jesus
e revelando o contato da sua alma com Ele.
Nosso Senhor lhe apareceu em 22 de
fevereiro de 1931, para lhe indicar o cerne de sua vocação: atrair a
Misericórdia Divina para o mundo.
“Ó
meu Deus, sou consciente da minha missão na Santa Igreja: o meu engajamento
contínuo para impetrar a Misericórdia para o mundo. Eu me uno estreitamente a
Jesus e me ofereço como vítima que implora pelo mundo.
“Deus nada vai me negar, quando O invocar
com a voz de seu Filho. Por mim mesma, meu sacrifício não é nada, mas quando o
uno ao sacrifício de Jesus Cristo, torna-se onipotente e tem força para aplacar
a cólera de Deus.
“Deus nos ama em seu Filho. A dolorosa
Paixão do Filho de Deus é uma invocação que continuamente atenua a cólera de
Deus”
(Diário, página 195).
Para atrair a Divina Misericórdia, Nosso
Senhor revelou-lhe um terço ou coroa especial, e pediu a instituição de sua
festa litúrgica solene no primeiro domingo depois da Páscoa.
Irmã
Faustina ofereceu a sua vida a Deus em sacrifício pelos pecadores, a fim de
salvar as suas almas, e por essa razão foi submetida a numerosos sofrimentos.
Nos últimos anos de vida intensificaram-se os sofrimentos interiores da
"noite passiva do espírito", bem como os problemas físicos.
Desenvolveu-se uma tuberculose que atacou os pulmões e o estômago. Em razão
disso, por duas vezes, e por um período de vários meses, permaneceu em
tratamento no hospital de Pradnik, em Cracóvia.
Completamente esgotada fisicamente, mas em
plena maturidade espiritual e misticamente unida a Deus, faleceu no dia 5 de
outubro de 1938 com fama de santidade, tendo apenas 33 anos de idade, dos quais
13 anos de vida religiosa. Seu corpo foi sepultado em um túmulo no
cemitério do convento, em Cracóvia. No período do processo informativo para a
sua canonização, em 1966, foi transferido para a capela do mesmo convento.
A festa da Divina Misericórdia foi
instituída no dia 5 de maio de 2000 e se celebra no primeiro domingo após a
Páscoa.
Irmã Maria Faustina foi canonizada em 22
de abril de 2001.
A Imagem da Divina Misericórdia
Diário,
22 de fevereiro de 1931:
“À noite, quando me encontrava na minha
cela, vi Nosso Senhor vestido de branco. Uma das mãos estava erguida para a
bênção, e a outra tocava-lhe a túnica, sobre o peito. Da túnica entreaberta
sobre o peito saíam dois grandes raios, um era vermelho e o outro branco.
Em silêncio, eu contemplava o Senhor. A minha alma estava cheia de temor, mas
também de grande alegria.
Logo
depois, Jesus me disse: Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que estás
vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio
em Vós. ... Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá.
Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente,
na hora da morte.
...
Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás
com o pincel, seja benta solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e
esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia.
“Então Jesus queixou-se a mim e disse: “A
desconfiança das almas Me rasga as entranhas. Dói-me ainda mais a desconfiança
das almas escolhidas. Apesar de Meu amor inesgotável, não têm confiança em Mim.
Nem mesmo minha morte foi suficiente para elas. Ai das almas que abusam dela”.
Eugênio
Kazimirowski, famoso e hábil pintor, mostrou-se digno de pintar a Imagem de
Jesus Misericordioso. Pintar sob orientação significava renunciar à própria
visão artística, em prol de uma execução fiel do que lhe era relatado por Irmã
Maria Faustina, que vinha ao ateliê do pintor ao menos uma vez por semana,
durante seis meses, a fim de sugerir detalhes e apontar os erros.
"Quando fui à casa daquele pintor que estava
pintando a Imagem, e vi que ela não era tão bela como o é Jesus, fiquei muito
triste com isso, mas escondi essa mágoa no fundo do meu coração. … A Madre
Superiora ficou na cidade para resolver diversos assuntos e eu voltei para casa
sozinha. Imediatamente dirigi-me à capela e chorei muito. Eu disse ao Senhor:
Quem vos pintará tão belo como sois? Então ouvi estas palavras: O valor da
Imagem não está na beleza da tinta, nem na habilidade do pintor, mas na minha
graça". (Diário, 313).
O
extraordinário cuidado na execução da Santa Efígie do Salvador, gravada na
memória de Santa Maria Faustina, é confirmado pelo fato de que a efígie pintada corresponde perfeitamente
às proporções e à figura estampada no Sudário de Turim.
Desde o dia 3 de abril de 1937 a Imagem
ficou exposta à veneração na Igreja de São Miguel, em Vilnius, hoje capital da
Lituânia, que até 1939 fazia parte da Polônia. Em 1948 o regime comunista
fechou esta igreja. O quadro foi então levado para a paróquia de Nowa Ruda, na
Bielorrússia, onde permaneceu entre 1949 e 1986, ano em que o comunismo
transformou a igreja em armazém do Estado. Com isso o quadro, tão perseguido
pelo comunismo, retornou a Vilnius, desta feita para a Igreja do Espírito
Santo. Esta igreja foi reformada em 2003 e promovida a Santuário da
Misericórdia Divina. Desde 2005 a Imagem é venerada na mesma capela-santuário
de Ostra Brama, hoje Santuário da Misericórdia Divina, em Vilnius, Lituânia.
A primitiva Imagem, pintada pelo pintor
Eugênio Kazimirowski e feita segundo a orientação direta da Irmã Faustina, não
deve ser confundida com a pintura feita em 1944 pelo artista Adolfo Hyla, que
pintou segundo a sua própria concepção; esta obra encontra-se exposta em
Cracóvia, Polônia. O simples cotejo entre ambas revela a autenticidade e
superioridade da pintura feita por Eugênio Kazimirowski conforme as indicações
de Santa Maria Faustina.
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