São
Mateus narra a chacina das crianças de Belém (Mt 2,13-18). A celebração destes
“santos inocentes” por ordem do perseguidor, o rei Herodes, tem uma história
muito antiga na liturgia da Igreja. Por volta da metade do século 5º, São Pedro
Crisólogo já se referia a ela. No calendário da Igreja em Cartago, no século
anterior, ela já constava. Os Inocentes são mártires, pois foram mortos por
causa de Jesus, por ódio ao Messias. São inocentes, porque não tinham culpa
nenhuma.
Herodes era famoso pela crueldade. Foram
matanças contra assaltantes que o levaram ao trono, por determinação dos
romanos, que queriam ordem a todo custo no Império. Assassinou, por ciúmes, a
princesa Mariana, descendente dos Macabeus, que ele, porém, amava, filha do
sumo sacerdote Hircano II. Temeroso de que desejavam o seu reino, mandou matar
seu genro, José; Salomé; o sumo sacerdote Hircano II; os irmãos de Mariana,
Aristóbulo e Alexandra; seus próprios filhos, Aristóbulo, Alexander e
Antipatro.
O
Imperador Augusto teria comentado, fazendo um trocadilho em grego: “É melhor
ser porco (“hys”) de Herodes, do que filho (“hyos”).
A cidadezinha de Belém teria uns mil
habitantes no tempo do Nascimento de Jesus. Portanto deveria haver cerca de
quarenta meninos de dois anos para baixo. O poeta Prudêncio os chama de “flores
dos mártires”, flores que enfeitaram o berço do Redentor.
Alguém
censurou São José por não ter avisado ao povo de Belém a respeito do seu sonho.
A pergunta fica: quem teria acreditado num pobrezinho, desconhecido na cidade,
e que viesse acordá-los falando de anjos e sonhos? Se não creem no
Ressuscitado, por que acreditariam no humilde operário de Nazaré?
São Mateus, no seu relato, recorda uma
passagem do Profeta Jeremias: “Raquel chora seus filhos”. Na profecia, Raquel
simboliza as mães de Israel, que choravam os seus filhos deportados pelos
assírios, membros das tribos de Efraim, Manassés e Benjamim. Sempre haverá mães
chorando, enquanto nossos corações se deixarem endurecer no desprezo ao Amor,
que se fez carne e habitou entre nós. Este desprezo nasce de um amor exagerado
a si próprio, egoísmo, apego ao poder, a ponto de nada respeitar, muito menos a
vida humana. Isto é um amor infernal! Deus nos livre deste mal terrível, por intercessão
dos Santos Inocentes.
A gruta de Belém e
os Santos Inocentes
Santa Helena, mãe do imperador
Constantino, que deu paz aos cristãos no século IV, construiu uma Basílica
sobre a gruta de Belém, onde o Menino Jesus nasceu. Essa Basílica, reconstruída,
ainda existe e guarda em sua cripta a preciosa gruta onde uma estrela de prata
marca o lugar do santo nascimento. “Aqui nasceu Jesus Cristo de Maria, a
Virgem”, diz a inscrição em latim.
A gruta de Belém é um sistema de cavernas
que se estendem debaixo da antiga basílica e do templo católico de Santa
Catarina. Em uma dessas cavernas foram encontrados restos de crianças
enterradas. O primeiro pensamento foi que eram os restos dos Santos Inocentes,
mas os caixões correspondiam a uma época muito posterior. De todo modo, essa
caverna foi dedicada à memória dos Santos Inocentes.
Os santos
inocentes de hoje
“Da boca dos pequeninos e das criancinhas de peito preparaste
um louvor para ti”
(Mt 21,16).
No dia 28 de dezembro, em que a Igreja
celebra os Santos Inocentes, os grupos pró-vida festejam a vida dos bebês e
para protestar contra o aborto. A oração a seguir [1]
pode ser rezada pedindo a intercessão dos pequenos mártires.
Ó Santos Inocentes, pequeninos, mortos por
alguém que se julgava “grande”, intercedei a Deus em favor de tantos
pequeninos, que continuamente são ameaçados pelo aborto, vítimas do ódio dos
“grandes”.
Ó Santos Inocentes, que derramastes vosso
sangue por Cristo, antes mesmo que Cristo derramasse seu sangue por vós, intercedei
a Deus para que não vacilemos diante das tribulações que sofremos por causa de
Cristo, mesmo que elas cheguem até o martírio cruento.
Ó Santos Inocentes, que proclamastes a
glória de Deus não por palavras, mas pela própria morte, intercedei por nós a
fim de que testemunhemos com a vida e com a morte aquilo que nossos lábios
professam.
Ó Santos Inocentes, cuja morte causou
tanta dor em vossos pais, intercedei a Deus por aqueles pais e mães que hoje,
sem necessidade da ordem de um rei, voluntariamente procuram o aborto de seus
filhos.
Ó Santos Inocentes, vítimas da covardia
dos soldados executores da ordem de Herodes, intercedei a Deus por todos os
médicos, enfermeiras e demais profissionais que, por medo de desagradar às
autoridades, praticam aborto em nossos hospitais.
Ó Santos Inocentes, cujo sangue foi fonte
de bênçãos para a cidade de Belém, intercedei a Deus para que nos livre da
aprovação de uma lei permitindo o aborto em nosso país. Por vossa intercessão,
livrai-nos do derramamento de um sangue de maldição e de morte em território
brasileiro.
Ó Santos Inocentes, que derramastes vosso
sangue conservando a inocência, intercedei a Deus em favor das criancinhas já
nascidas, cuja inocência é ameaçada por uma avalanche de corrupção moral.
Ó Santos Inocentes, que morrestes após o
nascimento, mas antes da idade adulta, intercedei a Deus para que não se
fabriquem, não se manipulem nem se destruam os pequeninos em laboratório, em
nome da medicina. Por vossa intercessão, que nenhuma criança seja considerada
excedente ou descartável.
Ó Santos Inocentes, cujo brilho nos olhos
causou tanto ódio em quem odiava a Deus, intercedei por nós a fim de que não
nos esqueçamos de que a luta contra o aborto é sobretudo uma luta espiritual
contra o demônio, luta esta que requer o uso de armas espirituais.
Fontes:
http://www.providaanapolis.org.br/index.php/todos-os-artigos/item/283-os-santos-inocentes
http://www.caminhandocomele.com.br/os-santos-inocentes-28-de-dezembro/
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