Nasceu dia 15 de julho de
1850 em Sant'Angelo Lodigiano, Lombardia, Itália. Filha do agricultor Agustine
Cabrini e de sua esposa Estella, era a última de treze filhos. No dia
em que nasceu, um bando de pombos brancos sobrevoou a sua casa. Seu nome
de batismo era Maria Francisca.
Quando pequena, Chiquinha (como era conhecida)
gostava de brincar de barquinhos e de colher violetas. Quem a conheceu dizia
que tinha pequena estatura e grande espírito. Recebeu uma educação no convento
de Arluno e formou-se professora. Sua mãe rezava por uma hora antes de ir para
a missa e ela seguia seu exemplo. Às vezes se refugiava num local onde sozinha
podia rezar tranquila.
Quando adolescente, era franzina e muito
tímida. Mais tarde disse: "Quem
diria que eu fui por tanto tempo tão tímida? Não ousava levantar os olhos, por
medo de faltar a modéstia. Chegou o dia, porém, em que compreendi que
na verdade devia tê-los bem aberto para o bem do Instituto. E nada mais pôde me
intimidar".
Parece que o destino de Madre Cabrini era mesmo
as viagens, pois ela gostava de Geografia e vivia debruçada nos Atlas.
Ficou órfão bem jovem e aos 18 anos queria ser
religiosa, mas sua saúde delicada impediu que recebesse o véu. O Pe. Serati
pediu que ela ensinasse na escola de meninas "A Casa da Providência",
um orfanato em Codogno, Itália, e lá ela ensinou por seis anos.
Ela fazia tão bem seu trabalho, que quando o
orfanato fechou, em 1880, o Bispo de Todi pediu que ela fundasse o Instituto
das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus para cuidar das crianças
pobres nas escolas e em hospitais.
Segundo a tradição, embora elas não tivessem dinheiro
para prover o que era necessário para as crianças, sempre que Francisca enviava
uma das Irmãs para buscar leite, o pote estava sempre cheio, e quando buscava
pão, o cesto de pão estava também cheio. Milagrosamente não faltava comida para
as crianças.
Madre Cabrini colocou sua obra sob a proteção
do grande missionário São Francisco Xavier, de quem era devota e a quem
desejaria imitar sendo missionária na China, assumindo ela mesma o nome do seu
patrono. No mesmo ano ela abriu uma casa para moças e no ano seguinte abriu
outra casa em Milão.
Em 1887 foi a Roma para conseguir a aprovação
das Regras do Instituto e pedir permissão para abrir outra casa em Roma.
Conseguiu a aprovação para abrir duas casas: uma escola para crianças pobres e
um orfanato. Em 1888 conseguiu a aprovação da Constituição do Instituto.
De 1901 a 1913, 4.7 milhões de italianos
imigraram. Era um verdadeiro problema social. Como havia um grande número
de emigrantes italianos em Nova York, o Arcebispo Corrigan enviou um convite
formal a ela para ir para a América, e logo depois o Papa Leão XIII deu a sua
permissão e bênção para que ela fosse para os Estados Unidos.
Ela e seis outras freiras chegaram em Nova York
em 1889. Elas trabalharam principalmente com os emigrantes italianos. Em março
de 1889 ela já tinha o terreno que queria. Apesar de toda fragilidade e saúde
precária, nos próximos 28 anos ela viajou pelos Estados Unidos fundando
escolas, orfanatos e hospitais. Nada a fazia parar.
No dia 11 de junho de 1894, numa audiência com
o Papa, ela recebeu a aprovação para uma expedição que desejava fazer para o
Brasil. Em 1896 ela montou um colégio em Lima (Peru). Na mesma ocasião esteve
no Equador e na Argentina.
Ela fundou 67 instituições incluindo escolas,
hospitais e orfanatos na América, Chile, Venezuela, Brasil e Argentina. Para
expandir sua obra, Santa Francisca fez vinte e quatro travessias oceânicas,
fato extraordinário para a época. Ela se tornou a mãe dos imigrantes italianos
em toda a América.
Em 1900 ela retornou à Argentina e apesar de
muito debilitada abriu o Colégio Internacional de Rosário. Debilitada pela
constante febre, se vê obrigada a retornar à Itália. Nomeia as irmãs
responsáveis pela continuação de suas obras. Era o ano de 1902. E quando todos
pensavam que era o fim, ela se recuperou da febre para continuar o seu
trabalho. Visitou uma a uma de suas obras na Itália, França e Espanha. Quanta
força tinha!
Em New Orleans, verão de 1905, uma epidemia de
febre amarela matou muita gente. E as irmãs de Madre Cabrini permaneceram
firmes porque sabiam que o povo precisava delas.
Madre Cabrini com 57 anos e com a saúde
debilitada não se deu por vencida e voltou a viajar. Ao invés de ficar na
Itália, resolveu vir ao Brasil. Aqui já havia uma casa que tinha sido aberta
por um grupo de irmãs da Argentina.
No ano de 1908 ela enfrentava uma epidemia e
uma perseguição no Rio de Janeiro. Não se deixou abater e ainda teve forças
para procurar um terreno na Tijuca para abrir um colégio.
Depois de um ano no Rio de Janeiro, Madre
Cabrini voltou para os Estados Unidos a fim de percorrer suas obras. Vai para a
Itália e o Papa São Pio X, com um decreto de 16 de julho de 1910, confirma
Madre Cabrini como Superiora Geral vitalícia.
Em dezembro de 1911, com as poucas forças que
lhe restam, resolve voltar aos Estados Unidos, onde ainda tem forças para
reerguer o Hospital Columbus de Nova Iorque. Amplia e constrói escolas e
orfanatos.
Ela faleceu de malária em 22 de dezembro de
1917 em Chicago, Illinois, USA. Foi enterrada na Capela do Colégio Madre
Cabrini em Nova York. Foi canonizada em 7 de julho de 1946 pelo Papa Pio XII. Quando
Madre Cabrini faleceu, o Instituto contava com 4.000 freiras.
Santa Francisca Cabrini é considerada a
primeira santa dos Estados Unidos, já que ela obteve a cidadania americana em
1913. Mas os títulos mais importantes são o de Santa dos Italianos na América e
o concedido pelo Papa Pio XII em 8 de setembro de 1950: o de patrona universal dos imigrantes. Além dos EUA, também há uma
estátua de bronze em homenagem à santa na Argentina.
Transplante de olhos feito por Deus
O caso é referido em quase todas as
biografias da santa. Foi um dos milagres aprovados para a Beatificação da Madre
Cabrini.
Aconteceu no Hospital Columbus, de Nova York. A
superiora e responsável pela direção geral do Hospital era a Madre Teresa
Basigalupi. No processo, a Madre Teresa omite o nome da Irmã encarregada da
Seção.
O acidente aconteceu por volta do meio-dia de
14 de março de 1921. O Dr. Michal Joseph Horan e a enfermeira Srta. Maria
Redmond assistiram ao parto, e foi esta quem lavou os olhos do bebê com uma
solução de nitrato de prata a 50 por cento, em vez de 1 por cento, que seria o
correto. O recém-nascido era Peter, filho primogênito do jovem casal Peter e
Margaret Smith.
Quando uma hora mais tarde outra enfermeira - Srta.
Sifert - acudiu apavorada pelo estado dos olhos do bebê, a Irmã responsável
pela Seção compreendeu a tragédia que ocasionara ao fornecer por erro um vidro
diferente do devido. O Dr. Paulo Casson acudiu. Os olhos do bebê estavam
inflamados e pretos, tão inchados que não se abriam. Não teve dúvidas: o menino
iria morrer e, se escapasse, certamente ficaria absolutamente cego.
Às 21 horas o Dr. Horan voltou ao leito do bebê
trazendo o especialista em oftalmologia Dr. Keaney, que só com ajuda de um instrumento
próprio (Lindhbers) conseguiu abrir as pálpebras inchadas e coladas. A
conjuntiva estava gravemente queimada. A córnea de ambos os olhos aparecia ensanguentada
e dos lugares queimados surgia uma secreção amarelo-acinzentada.
"Prognóstico: morte, e certamente em poucas horas" (qualquer espécie
de inflamação em crianças desse tamanho é mortal quase em cem por cento dos
casos).
As irmãs e as enfermeiras, nos horários em que
não estavam obrigadas a ficar junto aos doentes, reuniram-se na Capela e
rezaram durante toda a noite pedindo um milagre pela intercessão da Madre
Fundadora. Sabiam que somente um milagre resolveria a situação do menino, do
jovem casal e do próprio Hospital.
Chegou a manhã do dia 15. Pelas 9 horas o Dr.
Horan voltou com o especialista Dr. Keaney, para ver se havia alguma
possibilidade de atenuação do dano causado. E o Dr. Keaney... não encontrou
nada de errado no menino! Peter Smith "estava
absolutamente bem. Não ficou traço algum de cicatriz apesar da queimadura
profunda que houvera". Os Drs. Horan, Casson e Keaney "reconheceram espantados que havia se dado um
milagre. O menino deixou o hospital absolutamente curado e em estado normal".
Só havia um pormenor: os médicos constataram que os olhos do garoto estavam
perfeitos, mas que não eram dele: eram verdes e não tinham os caracteres dos
pais do garoto. Chamaram a Irmã e perguntaram o que havia acontecido, e ela
falou da novena a Santa Francisca.
Depois de 50 anos da morte da santa,
desenterraram-na e seu corpo estava intacto, faltando-lhe apenas os olhos, que
não estavam na cavidade ocular. Verificaram que os olhos do referido menino
eram os da santa! O rapaz na ocasião já era formado de Medicina, mas da data do
seu nascimento até a exumação da Santa vinte e oito anos haviam se passado!
Na manhã de 7 de julho de 1946, Peter Smith,
que já havia sido ordenado sacerdote na Igreja da Mother Cabrini School de Nova
Iorque, assistiu à solene canonização de Santa Francisca Xavier Cabrini por Pio
XII. Estavam também presentes Paulo Pezzini e Ettore Pagetti, protagonistas das
duas curas milagrosas aprovadas para a Canonização. As curas de Peter Smith e
da religiosa Delfina Grazioli foram os milagres aprovados para a Beatificação.
Madre Cabrini jovem religiosa |
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