A
cidade de Lucca na Etrúria (Itália) orgulha-se de ter sido o berço de Santa
Gema Galgani (também comemorada hoje) e da Beata Helena Guerra. Ali veio ela ao
mundo aos 23 de junho de 1835 em parto prematuro.
Seus pais, Antônio Guerra e Faustina Francheschi, ilustres por nascimento e
muito mais por suas virtudes, colocaram a filha sob a proteção de Santa Zita,
honra insigne da mesma cidade, e procuraram incutir-lhe a verdadeira piedade
desde os mais tenros anos. Foi educada em casa com professores particulares
para que o límpido espelho da sua alma não fosse embaciado por possíveis más
companhias.
A 5 de julho de 1845 recebeu o sacramento da Confirmação. O Espírito Santo
tomou posse daquela alma infantil, infundindo-lhe os seus dons. É que nos desígnios
divinos esta menina estava predestinada para ser uma grande apóstola da devoção
à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Com efeito, impulsionada pelo mesmo
Espírito Santo, dedicou-se a estudar latim para poder ler a Sagrada Escritura e
os Santos Padres.
Reuniu um grupo de amigas e com elas formou a associação das "Amizades
espirituais" com o fim de se ajudarem mutuamente no caminho da virtude e
se dedicarem à salvação das almas. Fundou, ademais, os "Jardins de
Maria", isto é, uma associação em que as jovens do campo cultivassem com
empenho uma determinada virtude para oferecer como flor à Mãe de Deus. Deu a
essa associação o nome de Filhas de Maria.
Levada do desejo de cuidar dos pobres, filiou-se às Conferências de S. Vicente
de Paulo. E quando a cólera-morbo atacou as redondezas de Lucca, ela não deixou
de atender as vítimas da peste.
Em abril de 1870, Helena participa de uma
peregrinação pascal em Roma juntamente com seu pai, Antônio. Entre outros
momentos marcantes, a visita às Catacumbas dos Mártires confirma nela o desejo
pela vida consagrada. Em 24 de abril, assiste na Basílica de São Pedro a
terceira sessão conciliar do Vaticano I, na qual vinha aprovada a Constituição
“Dei Filius” sobre a Fé. A visita ao Papa Pio IX a comoveu de tal maneira que
depois de algumas semanas, já em Lucca, no dia 23 de junho, fez a oferta de
toda a sua vida pelo Papa.
No ano de 1871, depois de uma grande noite escura, seguida de graças místicas
particulares, reuniu na própria casa um grupo de jovens que, depois de muitos
sofrimentos e contratempos, deram começo, em 1882, à Congregação das Irmãs de
Santa Zita, dedicada a educação cultural e religiosa da juventude, que mais
tarde tomou o nome de Oblatas do Espírito Santo, pois a vocação da Beata era
praticar e difundir a devoção ao Divino Paráclito. É neste período que Santa
Gema Galgani se tornará “sua aluna predileta”.
Em 1886, Helena sentiu o primeiro apelo
interior a trabalhar de alguma forma para divulgar a devoção ao Espírito Santo
na Igreja.
De 1895 a 1903, movida pelo Espírito
Santo, ela recorreu ao Papa Leão XIII, escrevendo-lhe doze cartas confidenciais
pedindo uma renovação da pregação sobre o Espírito Santo. Nos seus diferentes
escritos ao Sumo Pontífice, ela exortava-o a convidar os fiéis a redescobrir o
que é uma vida vivida sob a ação do Espírito Santo. Na sua oração, ela pedia
uma renovação da Igreja, a unidade dos cristãos, uma renovação da sociedade e
por isso mesmo "uma renovação da face da terra".
O Papa Leão XIII, amavelmente solicitado
pela mística de Lucca, dirigiu à toda Igreja alguns documentos que são como uma
introdução à vida segundo o Espírito Santo e que podem ser considerados também
como o início do “retorno ao Espírito Santo” dos tempos atuais: o breve
“Provida Matris Charitate” de 1895; a Encíclica “Divinum Illud Munus” em 1897 e
a carta aos bispos “Ad fovendum in christiano populo”, de 1902.
Em outubro de 1897, Helena foi recebida em audiência por Leão XIII, que a
encorajou a prosseguir o apostolado pela causa do Espírito Santo e autorizou
também a sua Congregação a mudar de nome, para melhor qualificar o carisma
próprio na Igreja: Oblatas do Espírito Santo.
No seu coração, havia a ideia de um
Pentecostes permanente. Dizia ela: “O Pentecostes não terminou; de fato é
sempre Pentecostes em todos os tempos e em todos os lugares, porque o Espírito
Santo deseja ardentemente dar-se a todos os homens e, aqueles que o desejam,
podem recebê-lo sempre; portanto não temos nada a invejar aos Apóstolos e aos
primeiros cristãos; nós só temos que nos dispor, como eles, a recebê-lo bem e
Ele virá a nós como veio a eles”.
Para
pedir esta renovação, a Beata Helena teve também a ideia de um movimento
mundial de oração segundo o modelo do Cenáculo de Jerusalém, onde Jesus
celebrou a última Ceia. Ela declarava: "Oh, se de todos os lugares da
Cristandade se pudesse elevar ao Céu uma oração tão unânime e fervorosa como a
do Cenáculo de Jerusalém, para reacender o fogo do Espírito Divino!"
A
Beata tinha cumprido sua missão. Mas antes de partir, no dia 11 de abril de
1914, teve que se associar de perto aos sofrimentos e humilhações de Cristo.
Caluniaram-na de tal forma, que foi forçada a abandonar o cargo de Superiora da
Congregação que fundara, e ficar reduzida ao silêncio durante anos.
Verificou-se nela a sentença do Mestre: "Se o grão de trigo, caindo na
terra, não morrer, fica só, mas se morre, dá muito fruto".
Aceitou a humilhação com paciência e espírito de fé. A glorificação tinha que
vir rapidamente. Assim sucedeu com a beatificação a 26 de abril de 1959. O Papa
João XXIII a definiu “Apóstola do Espírito Santo dos tempos modernos”,
assim como Santa Maria Madalena foi a apóstola da Ressurreição e Santa Maria
Margarida Alacoque a apóstola do Sagrado Coração.
“A vinda do Espírito Santo no
Cenáculo foi como o beijo da reconciliação dado por Deus à humanidade redimida
no sangue de Jesus” (Beata Helena Guerra)
Fontes: Santos
de cada dia, Pe. José Leite, S.J., 3a. ed. Editorial A.O. - Braga;
Publicado
neste blog em 10 de abril de 2012
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