Judite
ou Jutta de Sangerhausen (ou Jutta de Kulmsee, ou ainda Jutta de Sangerhausen,
ou Judith da Prússia) nasceu na Turíngia (atual região central da Alemanha), no
início do século XIII. Ela era membro da nobre família de Sangerhausen da qual
os duques de Brunswick eram parentes. A mais antiga Vita da
Beata foi compilada na primeira metade do século XVII pelo jesuíta Padre
Federico Schembek e escrita em língua polonesa. O autor consultou uma
documentação canônica sobre Judite redigida em 1275, portanto quase sua
contemporânea.
Esta Vita de
Judite tem uma semelhança muito grande com a vida de Santa Isabel da Hungria,
que foi quase sua contemporânea. A Vita pode ser resumida como
segue.
Desde
pequena Judite foi favorecida por graças divinas especiais, depois, iluminada
por uma visão extraordinária, escolheu a vida matrimonial. Casou-se com 15
anos, tornando-se esposa exemplar de um nobre da corte de Henrique de Raspe.
No início, a piedade de Judite desagradou
seu marido, Freiherr Johannes Konopacki von Bielczna. Mas mais tarde ele
aprendeu a valorizá-lo e uniu-se a ela de coração e alma em seus esforços
piedosos. Ele fez uma peregrinação aos lugares sagrados de Jerusalém e morreu
no caminho. Santa Judite recebeu a notícia de sua morte com profunda tristeza,
mas também com a mais perfeita conformidade com a vontade de Deus, e resolveu
passar sua viuvez de uma maneira agradável a Deus, e pode dedicar-se com mais
zelo à oração e especialmente ao cuidado dos leprosos, atividade na qual
alcançou formas heroicas.
Educou
seus filhos até atingirem uma idade em que podiam dispensar os seus cuidados. Seus
vários filhos abraçaram a vida religiosa em várias Ordens.
Em 1256, ela se desfez de suas roupas
custosas, joias e bens condizentes com sua posição social, e tornou-se Terceira
Franciscana tomando o hábito simples de religiosa.
Judite
se transferiu para Bildschön (atual Bielyczny), próximo de Kulmsee, Prússia
(atual Chelmza, Polônia), numa área governada pelos Cavaleiros Teutônicos (¹),
cujo Grão Mestre, Anno von Sangershausen, era seu parente.
Vivendo
na fronteira da Europa Cristã, ela se dedicou seus últimos anos de vida a rezar
pela população não cristã da região. Ali ela construiu uma ermida e rezava
constantemente por sua conversão.
Visitantes
vinham vê-la para receber seus conselhos e pedir suas orações, e logo sua reputação
de santidade ficou conhecida. Ela dizia que havia três coisas que podem nos
aproximar de Deus: doenças dolorosas, exílio e pobreza voluntária aceita por
amor de Deus.
Os habitantes cristãos da redondeza às
vezes a viam erguida no ar no fervor de sua devoção. Ela teve como seu
confessor o padre franciscano John Lobedau, que morreu no odor da santidade, e
mais tarde o bispo de Kulm.
A
missão de Judite na Prússia Oriental, então feudo da Ordem Teutônica, toma um
interesse histórico cultural particular. Ali se sacrificou na solidão e na
oração por aquela população, confortando e assistindo os neófitos, e curando
também suas doenças mais repugnantes, alcançando-lhes a graça da conversão.
A
data de sua morte é um pouco incerta, mas presumivelmente ocorreu em Kulmsee,
em 6 de maio de 1260, vigília da Ascensão. Treze padres estavam presentes no
funeral, um grande número para aquela época, pois missionários se estabeleceram
lá, e a maioria deles tinha sido massacrado pelos bárbaros. De acordo com seu
desejo, o sacerdote Heidemreich von Kulm (antigo Arcebispo de Armagh, Irlanda)
mandou sepultá-la na capela de Kulmsee.
Seu
túmulo em Kulmsee passou a ser local de peregrinação. O bispo de Kulmsee
aprovou o culto a Judite logo depois de sua morte. O clero local enviou a Roma,
em 1275, uma informação canônica para o reconhecimento oficial de uma
canonização que parece nunca ter acontecido.
O
culto da Beata se atenuou com o passar do tempo, mas foi retomado pelo Bispo
João Lipski em 1636. Em 15 de dezembro de 1637, ele fez um reconhecimento
canônico do túmulo da Beata existente na catedral de Kulmsee, mas os restos
mortais de Judite não foram encontrados.
Próximo
ao sepulcro, ainda no século XVII, existia uma pintura antiga, sob a qual uma
inscrição referia-se à proclamação da Beata Judite como patrona da Prússia
(região histórica da Alemanha setentrional). A Beata também é patrona das
viúvas.
(¹)
A Ordem dos Cavaleiros Teutônicos de Santa Maria de Jerusalém, conhecida apenas
como Ordem Teutônica foi uma Ordem militar vinculada à Igreja Católica por
votos religiosos pelo Papa Clemente III, formada em Acre, na Palestina, na época
das Cruzadas, no final do século XII. Usavam sobrevestes brancas com uma cruz
negra. Tiveram a sua sede em Montfort, uma fortaleza construída nos tempos do
Reino de Jerusalém, durante as Cruzadas, cujos vestígios se conservam no norte
de Israel.
Postado
neste blog em 6 de maio de 2011
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