Eram 11 horas da manhã do dia 24 de agosto
do ano 79 d.C. Os 25 mil habitantes da cidade de Pompéia, ao sul de Nápoles,
dedicavam-se aos seus afazeres quotidianos, ou a seus reprováveis vícios,
quando se ouviu um estrondo aterrador. Do vulcão Vesúvio subia ao céu imensa
coluna de fogo! Instantes depois sua cratera começou a expelir pedras
incandescentes sobre a cidade. Uma chuva de cinzas, impregnada de vapores
sulfúreos e de cloro, escureceu o céu. A população aterrorizada começou a
esconder-se nas casas ou a fugir sem direção. Mas, era tarde demais: em pouco
tempo Pompéia e mais quatro cidades, incluindo Herculano, ficaram sepultadas
sob 10 metros de cinzas.
Aos poucos se foi perdendo a memória da
catástrofe e nos 1600 anos subsequentes ninguém ouviria falar da cidade. No
início do século XVII, o arquiteto Fontana redescobriu Pompéia. Mas, só no
final do século seguinte é que começariam os trabalhos arqueológicos
sistemáticos - que continuam até hoje - para resgatá-la das cinzas. Foi
possível reconstituir as casas, mobiliários e cenas da vida quotidiana da
outrora brilhante cidade, bem como de alguns de seus abomináveis vícios.
DE
REVOLUCIONÁRIO À APÓSTOLO DO ROSÁRIO
Nascido em 10 de fevereiro de 1841 em
Latiano (Itália), Bartolo Longo, filho de um médico da província de Brindisi,
recebera educação cristã no ginásio dos Padres Escolápios. Contudo, quando
ingressou na Universidade de Nápoles para dedicar-se ao estudo do Direito,
deixou-se contaminar pela mentalidade anticristã e anticlerical da época,
ingressando aos 20 anos no movimento revolucionário de Garibaldi, Cavour e
Vitor Emanuel, destinado a levar a cabo a unificação italiana, com a eliminação
dos Estados Pontifícios e a supressão do poder temporal dos Papas.
Envolveu-se fortemente com a prática do
espiritualismo, satanismo e ocultismo, Bartolo fez tudo que esteve ao seu
alcance para minar o Catolicismo. Isso o deixou com nada além de ansiedade e
depressão, enviando-o para as profundezas escuras do desespero.
No entanto, um respeitável professor de
sua cidade natal, Vincenzo Pepe, viu nele a possibilidade de voltar a abraçar o
catolicismo. Procurou então reconquistar sua amizade e, aos poucos,
encaminhou-o ao frade dominicano, Padre Alberto Maria Radente, sob cuja
influência Bartolo reencontrou a fé da infância, alcançando a conversão no dia
do Sagrado Coração de Jesus de 1865. Entrou para a Ordem Terceira Dominicana e
entregou-se a obras de caridade.
Alguns anos depois conheceu a condessa de
Fusco, Marianna Farnararo, viúva de muita fé, que o contratou como
administrador de seu patrimônio, em particular dos terrenos no Vale de Pompéia,
região que no século I teve sua população dizimada pela erupção do vulcão
Vesúvio.
Assim, em outubro de 1872, Bartolo
dirigiu-se ao Vale de Pompéia, encontrando aí uma população afastada de
qualquer experiência de fé. A miséria espiritual dos habitantes, quase todos
trabalhando nas escavações, o impressionou. Deparou-se com uma realidade
assustadora, muitos católicos haviam abandonado a fé, o prédio da igreja
precisava de reparos urgentemente, a pobreza prevalecia e vários nativos pararam
de ir à Missa aos domingos.
Em uma das ocasiões em que recitava
piedosamente o Rosário, Bartolo ouviu uma voz lhe dizendo: “Se queres te
salvar, deves ocupar-te em difundir o culto do santo Rosário”. Ele não
teve dúvida de que fora Nossa Senhora que lhe falara.
E lembrou-se das palavras de Padre
Alberto: “Se quiser se salvar propaga o rosário. É a promessa de Nossa
Senhora”. A partir daí, tornou-se catequista e apóstolo daqueles operários,
ensinando-lhes a rezar o Rosário.
A
PARTIR DO QUADRO, MULTIPLICAM-SE OS MILAGRES
Bartolo e o Padre Radente, seu diretor
espiritual, começaram a procurar uma imagem de Nossa Senhora do Rosário para a
igreja paroquial. Certo dia uma religiosa apresentou uma pintura com a imagem
de Nossa Senhora com o Menino Jesus no colo entregando o Rosário para São
Domingos de Gusmão e Santa Rosa de Lima. Contudo, a imagem estava danificada. À
falta de melhor, a estampa, enrolada num tecido ordinário, foi colocada sobre
uma carroça carregada de lixo que se destinava a Pompéia.
O bispo de Nola, Dom José Formisano,
impressionado com a conversão do povo através do Rosário, incentivou a
construção de uma nova igreja mais próxima do local. Com o dinheiro arrecadado
para iniciar a obra mandaram restaurar e enquadrar a tela da Virgem,
substituindo Santa Rosa de Lima por Santa Catarina de Sena, e expondo a imagem
pela primeira vez no dia 13 de fevereiro de 1876. Desse dia até o dia 19 de
março, oito milagres se realizaram diante da estampa, com repercussão em toda a
Itália.
Em 15 de Agosto de 1877 Bartolo lança o
devocionário "I Quindici Sabati" (Os Quinze Sábados). A "devoção
dos Quinze Sábados" consiste em prometer a Deus a oração por 15 sábados
consecutivos, em memória dos 15 mistérios do Rosário, a fim de honrar a Santíssima
Virgem e obter por sua mediação alguma graça especial.
Tal como dois amigos, que se encontram
constantemente, costumam configurar-se até mesmo nos hábitos, assim também nós,
conversando familiarmente com Jesus e a Virgem, ao meditar os mistérios do Rosário,
vivendo unidos uma mesma vida pela Comunhão, podemos vir a ser, por quanto
possível à nossa pequenez, semelhantes a Eles, e aprender destes supremos
modelos a vida humilde, pobre, escondida, paciente e perfeita.
Beato
Bartolo Longo. Os Quinze Sábados do Santíssimo Rosário, 27.
Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia
que nos prende a Deus, vínculo de amor que nos une aos Anjos, torre de salvação
contra os assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral, não te
deixaremos nunca mais. Serás o nosso conforto na hora da agonia. Seja para ti o
último beijo da vida que se apaga. E a última palavra dos nossos lábios há de
ser o vosso nome suave, ó Rainha do Rosário de Pompeia, ó nossa Mãe querida, ó
Refúgio dos pecadores, ó Soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em todo
o lado, hoje e sempre, na terra e no céu. Amém.
Beato
Bartolo Longo. Os Quinze Sábados do Santíssimo Rosário, 43.
Desperta a tua confiança na Santíssima
Virgem do Rosário... Deves ter a fé de Jó... Santa Mãe muito querida, eu
deponho em Ti toda a minha aflição, toda a esperança e toda a confiança!
Beato
Bartolo Longo. 11 de março de 1905.
Bartolo viajou pela Europa pedindo
donativos não só para a construção do novo santuário, mas para outras obras que
planejava. Em 1884 fundou uma revista chamada "Il Rosario e la Nuova
Pompei” (O Rosário e a Nova Pompéia), para o qual montou uma tipografia em que
empregou meninos pobres da cidade. Visando prepará-los para a função, organizou
uma escola de tipografia. Criou também um orfanato para os filhos e depois para
as filhas dos encarcerados e para a formação destes, fundou a congregação das
Filhas do Rosário de Pompéia da Ordem Terceira Dominicana.
A devoção à Senhora do Rosário cresceu
tanto que recebeu do Papa Leão XIII a honra da coroação solene. A nova igreja
foi consagrada em 1891 e, em 1901, foi elevada à condição de Basílica. Hoje em
dia é um dos santuários mais famosos da Itália.
APÓS
A CRUZ DAS PERSEGUIÇÕES, O RECONHECIMENTO DO PAPA SANTO
O Beato aos 60 anos |
Como todos os verdadeiros servidores de
Deus, Bartolo encontrou a ingratidão, o sofrimento e a perseguição. Acusaram-no
perante o Papa Leão XIII de desviar os fundos obtidos para suas obras, e
fizeram malévolas insinuações de suas relações com a condessa. O Pontífice os
aconselhou a se casarem para fazer calar os maldizentes. Eles o fizeram, mas
viveram como amigos durante toda a vida.
Pouco mais tarde, o Papa São Pio X, mal
informado, destituiu o casal da administração das obras de Pompeia, ao que
ambos se submeteram humildemente. Numa visita a esse Pontífice, dois dias
depois da destituição, o casal apresentou-lhe alguns meninos e meninas, filhos
dos encarcerados, que eles educavam, dizendo que, daquele dia em diante eles
seriam filhos do Papa. O Santo Pontífice percebeu que tinha sido vítima de
falsas informações, e a partir de então não cessou de elogiar o desinteresse e
a honestidade do casal.
Bartolo resolveu retirar-se inteiramente do empreendimento para viver seus últimos anos no recolhimento e oração. A Condessa Marianna faleceu em 9 de fevereiro de 1924, aos 88 anos. Bartolo a seguiu pouco mais de dois depois, em 5 de outubro de 1926, aos 85 anos, em odor de santidade, venerado por todos. Bartolo Longo foi beatificado em 26 de outubro 1980, na Praça de São Pedro, em Roma.
Bartolo resolveu retirar-se inteiramente do empreendimento para viver seus últimos anos no recolhimento e oração. A Condessa Marianna faleceu em 9 de fevereiro de 1924, aos 88 anos. Bartolo a seguiu pouco mais de dois depois, em 5 de outubro de 1926, aos 85 anos, em odor de santidade, venerado por todos. Bartolo Longo foi beatificado em 26 de outubro 1980, na Praça de São Pedro, em Roma.
Condessa Marianna Farnararo
Preciosa vida de un Beato promotor de la devoción al Santísimo Rosario y a Nuestra Señora de Pompeya que en Buenos Aires tiene un grandioso Santuario, un Claustro con banderas de muchísimos países y una Basílica preciosa muy visitado y venerado. Gracias Zeni por esta bella vida
ResponderExcluirDelia Gondra