quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

A Princesa e o Menino Jesus de Praga

   
     Fernando II, imperador da Alemanha, para expressar sua gratidão a Nosso Senhor pela insigne vitória alcançada em uma batalha, construiu em 1620, na cidade de Praga, um convento de Padres Carmelitas. A Boêmia passava por momentos muito difíceis, assolada por guerras sangrentas. A cidade de Praga era vítima das mais indizíveis calamidades. Neste contexto, chegam estes excelentes religiosos, cujo mosteiro carecia até do indispensável para sua sobrevivência.
     Nessa época, vivia em Praga a piedosa princesa Polyxena Lobkowicz. Sofrendo na alma as prementes necessidades dos Carmelitas, presenteou-lhes com uma pequena estátua de cera, de 47 cm., que representava um formoso Menino Deus, de pé, com a mão direita erguida em atitude de bênção. A mão esquerda segurava um globo dourado. Seu rosto era muito amável e gracioso. A túnica e o manto tinham sido confeccionados pela própria princesa. Esta, ao dar a estátua aos religiosos carmelitas, disse-lhes: "Meus padres, entrego-lhes o maior tesouro que possuo neste mundo. Prestem muitas honras a este Menino Jesus e nada lhes faltará".
     Os Carmelitas, muito agradecidos, receberam a estátua. Colocaram-na no oratório interno do convento, passando a ser venerada por aqueles bons religiosos, especialmente pelo Padre Cirilo. Sem dúvida, este homem poderia receber o título de "Apóstolo do Divino Menino Jesus de Praga".
     A profecia da piedosa princesa cumpriu-se literalmente. Não tardaram a se manifestar os efeitos maravilhosos da proteção do Divino Menino. Muito rapidamente, e em várias ocasiões, verificaram-se inúmeros prodígios e as necessidades do mosteiro foram milagrosamente socorridas.
     Em 1631, o exército da Saxônia se apodera da cidade de Praga. Os hereges destruíram a Igreja, saquearam o mosteiro, entraram no oratório interno, zombaram da estátua do Menino Jesus e lhe quebraram as mãos, jogando-a com desprezo atrás do altar.
* * *
     A imagem do Menino Jesus de Praga é uma das imagens mais veneradas do mundo, transmitindo uma terna devoção a Jesus Cristo no mistério de sua oculta infância, a cujos méritos os devotos atribuem incontáveis favores e milagre. Apesar de ser uma representação conhecida em todo o mundo, sua história, cheia de tradições, não é recordada frequentemente.
     Embora não se tenha certeza sobre a origem precisa da venerada imagem, acredita-se que a imagem original foi esculpida na Espanha por volta do ano 1340 em um mosteiro cisterciense. As histórias que preservam a tradição sobre a imagem narram a possível visão que um monge teve sobre o Menino Jesus que o inspirou a criar a imagem tão venerada na atualidade.
     Mas a imagem não chegaria à Praga durante mais de duzentos anos, permanecendo na Espanha e chegando, segundo afirma outra tradição, a ser conservada e venerada pela grande Santa espanhola Santa Teresa de Ávila. Esta Santa pode ter obsequiado a imagem à Dona Isabella Manrique de Lara y Mendoza, que a daria à sua filha Maria Manrique de Lara, que se casou com o nobre checo Vojtech de Pernstejn.
Da. Maria Manrique com
sua filhinha Polyxena
     
Mais tarde a imagem foi transmitida à geração seguinte também como dote de casamento, quando sua filha Polyxena casou-se em primeiras núpcias com Vilem de Rozumberk.
     Durante quase um século a imagem do Menino Jesus foi uma preciosa propriedade da família e, em 1628 foi entregue a um mosteiro carmelita local pela Princesa Polyxena von Lobkowicz. “Dou-lhes o que mais aprecio de minhas posses”, afirmou a Princesa aos religiosos ao doar a imagem. “Prestem muitas honras a este Menino Jesus e nada lhes faltará”.
     A imagem foi abrigada até a invasão de Praga por parte dos saxões em 1631, quando o mosteiro foi saqueado e a imagem foi descartada como lixo. Ao retornar ao mosteiro em 1637, o Padre Cirilo da Mãe de Deus se lembrou da imagem e a buscou entre os escombros para encontrá-la com as mãos quebradas.
     Durante a oração, o sacerdote escutou o Divino Menino, que lhe disse: “Tenha misericórdia de mim e Eu terei misericórdia de você. Dai-me mãos e lhe darei a minha paz. Te abençoarei tanto como tu me veneres”. Diante desse pedido, o sacerdote procurou novas mãos para a imagem.
     A devoção ao Divino Infante começou a crescer e numerosas bênçãos começaram a registrar-se no mosteiro e em toda a cidade de Praga. A sua presença se atribuiu a preservação de Praga durante o cerco sueco em 1639 e em 1941 lhe foi concedido um altar lateral na Capela da Santa Cruz, percorrendo a cidade dez anos depois por meio de procissões
     A imagem foi coroada pelo Bispo de Praga em 1655 e a afluência de devotos motivaram a localização da imagem na nave principal do templo, onde permanece até hoje em um belo altar feito em 1776 e renovado em 1879.
     O culto ao Divino Infante sobreviveu às ditaduras dos nazistas e dos comunistas e os Carmelitas Descalços voltaram ao templo em 1993, marcando uma renovação da devoção ao Menino Jesus.
     O Menino Jesus de Praga é comemorado tradicionalmente no dia 25 de cada mês, sendo em especial no dia 25 de dezembro, no Natal do Senhor. Mas o seu dia de festa mundial é no primeiro domingo do mês de junho, quando se intensificam as peregrinações ao santuário de Praga.

Mantos usados na imagem do Menino Jesus  de Praga

Fonte: https://gaudiumpress.org/


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