Martirológio
Romano: Em Signa, perto de Florença, Beata Joana, virgem, que viveu como
solitária por amor a Cristo.
A cidadezinha de Signa, a poucos quilômetros
de Florença, fica numa colina ao longo do curso do Rio Arno. É um dos centros
mais interessantes e mais ativos da província florentina. De origem
antiquíssima, com nome romano (do latim signum),
Signa se desenvolveu na Idade Média como centro agrícola e comercial, e também
como porto fluvial do Arno. Em época recente, Signa é celebre por seu
artesanato, pelos trabalhos em terracota e sobretudo em palha. A famosa “palha
de Florença” é, ou ao menos era, trabalhada em Signa por numerosas e habilíssimas
“trançadeiras”.
A parte mais antiga da cidade, de aspecto
medieval, é chamada normalmente de “A Beata”, lembrando assim, e todos os dias,
em Signa, a Beata Joana hoje festejada, virgem reclusa da Ordem Terceira
(1244-1307). Pio VI concedeu em sua honra ofício e missa no dia 17 de setembro
de 1798.
Nascida em 1244, era filha de pais
humildes e na juventude foi simples pastora de vida e alma imaculada. Às vezes
reunia-se com outros pastores e falava-lhes de coisas do céu e da prática da
virtude. Só mais ou menos aos 30 anos lhe foi possível realizar o ideal sonhado
de vida religiosa, fazendo-se reclusa voluntária. Nesse intuito, depois de
haver recebido dos frades menores o hábito da Ordem Terceira Franciscana,
fez-se emparedar numa pequena cela junto ao Rio Arno, e ali viveu em penitência
durante uns quarenta anos.
Embora separada do mundo, a partir desse
estreito refúgio derramou dons de misericórdia sobre todos quantos a ela
recorriam: ela curou doentes, consolou aflitos, converteu pecadores, esclareceu
indecisos, ajudou necessitados. A sua fama perdura até nossos dias por causa
também dos milagres póstumos e das graças recebidas por sua intercessão.
Há lendas pitorescas sobre a sua juventude
de pastora. Conta-se, por exemplo, que quando ocorriam tempestades e
aguaceiros, ela reunia o rebanho junto a uma frondosa árvore, que assim ficava
a salvo da chuva, do granizo e dos raios. Por isso, ao pressentirem a
aproximação de tempestade, outros pastores corriam para junto dela com os
respectivos rebanhos. E ela aproveitava a oportunidade para lhes lembrar, com
palavras simples e eficazes, a necessidade de salvarem a alma e merecerem o
paraíso. Outras vezes, quando o caudal do Arno crescia de modo a impedir a
passagem de uma margem para a outra, houve quem a visse estender sobre as águas
revoltas a sua grosseira capa e atravessar o rio sobre ela como se fosse um
barco seguro.
Como reclusa, Joana viveu uma vida mais
angélica do que humana. Da caridade dos fiéis recebia o indispensável para o
sustento. Foi exímia na mais rigorosa austeridade, na oração fervorosa, na
contemplação assídua, em êxtases e colóquios com o seu Amado. O Senhor
glorificou a santidade da sua serva com numerosos prodígios realizados
sobretudo em favor de doentes, para quais obtinha de Deus a cura do corpo e da
alma.
Da cela onde viveu emparedada voou para o
céu aos 63 anos, no dia 9 de novembro de 1307, e diz-se que no momento do seu
desenlace repicaram festivamente os sinos das igrejas, que celebravam sua
entrada na glória celeste.
Fontes:
“Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
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