Desde o século II, alguns cristãos rezavam pelos
falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram. No
século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos pelos
quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. Também o Abade de Cluny,
Santo Odilon, em 998 pedia aos monges que orassem pelos mortos. Desde o século
XI os Papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a
comunidade a dedicar um dia aos mortos. No século XIII esse dia anual passa a ser
comemorado em 2 de novembro, porque 1º de novembro é Festa de Todos os Santos.
A doutrina católica evoca algumas passagens bíblicas para fundamentar sua
posição (cf. Tobias 12,12; Jó 1,18-20; Mt 12,32 e II Macabeus 12,43-46), e se
apóia em uma prática de quase dois mil anos.
Existe uma só vida, dizem as Sagradas
Escrituras: “Mas, como não sabemos o dia nem a hora, é preciso que, segundo a
recomendação do Senhor, vigiemos continuamente, a fim de que no termo da nossa
vida sobre a terra, que é só uma, mereçamos entrar com ele para o banquete de
núpcias e ser contados entre os eleitos…” (DH 4168)
Também de modo claro, ensina o Catecismo
da Igreja Católica:
“A morte é o fim da peregrinação terrestre
do homem, do tempo da graça e da misericórdia que Deus lhe oferece para
realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu destino
último. Quando tiver terminado o único curso da nossa vida terrestre, não
voltaremos mais a outras vidas terrestres. Os homens devem morrer uma só vez.
Não existe reencarnação depois da morte. (1013)”.
Historicamente, muitos povos e culturas
creram na reencarnação. Antes mesmo da vinda de Jesus e também nas religiões orientais
que professam a reencarnação ou a metempsicose.
Até mesmo dentro do cristianismo a
reencarnação conseguiu encontrar adeptos, como por exemplo, Orígenes, que, por
influência do neoplatonismo, ensinava que as almas um dia estiveram junto de
Deus, mas "esfriaram", vieram para o mundo e foram aprisionadas. As
almas foram guardadas dentro de um "sôma",
corpo, que recorda a palavra "sema",
túmulo, ou seja, as almas estariam aprisionadas dentro de um "corpo de
morte". E o homem verdadeiro seria somente a alma, não o corpo. Diante
disso, nota-se que a antropologia da reencarnação não pode ser considerada
cristã. Para os reencarnacionista, o homem é somente a alma e o corpo é uma
caixinha, um invólucro, uma embalagem descartável. A alma será preservada e
sucessivamente melhorada até que chegue a Deus.
Esta
é uma heresia que a Igreja condenou inúmeras vezes ao longo dos séculos.
Orígenes recebeu contra si os anátemas (conf. DH 403-411), como também os
albigenses na Idade Média (conf. DH 800 e seguintes) e mais recentemente, no
Concílio Vaticano II. Com efeito, é importante compreender que, embora a ideia
da reencarnação seja atraente, ela carrega em si uma perversão: o homem se
torna a sua própria salvação. Jesus Cristo não é necessário. Cada homem, por
seu esforço e cruz carregada, construirá uma Torre de Babel e um dia chegará ao
céu.
A reencarnação não somente não leva a vida
a sério, como não leva a redenção de Cristo a sério. Portanto, aqueles que
creem na reencarnação não podem ser chamados verdadeiramente de
"cristãos". E, se os espíritas se dizem cristãos, o são somente em
sentido muito amplo, posto que consideram Jesus apenas um espírito de luz que
veio para guiar as almas.
Ora, o Cristianismo não é isso. Cremos que
o Verbo (Deus) se fez homem inteiro, corpo e alma e, deste modo, cada um irá um
dia triunfar com Deus no céu. Os espíritas, dizem crer na reencarnação, nós,
cristãos dizemos: "creio na
ressurreição dos mortos e na vida eterna. Amém".
Fonte (excertos): https://padrepauloricardo.org/episodios/quais-as-consequencias-de-se-crer-na-reencarnacao
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