quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Exaltação da Santa Cruz e Santa Helena – 14 de setembro

Relicário contendo fração do Lenho Santo
     Esta festa é também chamada da “Cruz gloriosa”. E os orientais denominavam-na “da preciosa Cruz portadora da Vida”.
     É uma das mais antigas solenidades litúrgicas da Igreja Católica, já era celebrada em Jerusalém no tempo de Constantino (337). Começou a celebrar-se o aniversário da invenção ou encontro da Santa Cruz (cf. Santa Helena) e a dedicação da Basílica do Santo Sepulcro na primeira metade do século IV, no dia 14 de setembro.
     Por muitos séculos a festa da descoberta da Santa Cruz foi celebrada em Jerusalém e em muitos locais do mundo inteiro no dia 3 de maio, data em que, segundo a tradição, fora encontrada. A reforma litúrgica pós-conciliar suprimiu a data de 3 de maio no calendário universal, substituindo-a pelo dia 14 de setembro.
     O trono a que Jesus quer ser elevado, para triunfar da soberba e da sensualidade, é a Cruz, selo de infâmia para Ele, mas sede de misericórdia para nós. Nesse trono O sentaram um dia os judeus por malícia, e nele se senta cada dia a fé cristã, que no Crucifixo adora o seu Deus e Redentor.
     Num túmulo do cemitério de Ciríaca, encontrou Pio IX uma cruz antiga de ouro, na qual estava gravada esta inscrição:
     Crux est vita mihi (a cruz é vida para mim),
     Mors inimice tibi (e morte para ti, ó inimigo).
     Esta preciosa inscrição conserva-se hoje na Biblioteca Vaticana.
     Formosa e densa de sentido é também a seguinte inscrição beneditina, expoente de grande fé e devoção:
     Crux sancta sit mihi lux (a Santa Cruz seja para mim luz),
     Nunquam daemon sit mihi dux (e o demônio nunca seja o meu guia).
     Com grande concisão expressaram os antigos a eficácia da Cruz de Cristo, sinal triunfal da nossa Redenção, no anagrama grego que significa: A Cruz é luz e é vida.
 
Fonte: (excertos) Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J. 3ª edição 
Santa Helena, Viúva, mãe do Imperador Constantino († 330) 
    
     Helena nasceu em meados do século III, provavelmente em Bitínia, região da Ásia Menor. Os autores britânicos afirmam que ela nasceu na Inglaterra, naquele tempo uma província romana, e que Constâncio Cloro, tribuno e mais tarde governador da ilha, enamorou-se dela e a tomou por esposa. Por volta do ano 274 tiveram um filho a quem deram o nome de Constantino.
     Constâncio Cloro chegou a ser marechal de campo e o imperador Maximiano nomeou-o co-regente e, portanto, seu sucessor no Império, mas com a condição de que repudiasse sua mulher e esposasse sua enteada Teodora.
     Tanto Helena quanto Constâncio Cloro eram pagãos. Levado pela ambição, Constâncio se separou dela e levou para Roma seu pequeno filho, Constantino. Helena chorou sua desgraça por 14 anos. Em 306, com a morte de Constâncio, Constantino foi nomeado imperador, iniciando para ela uma nova vida. Constantino mandou vir sua mãe para viver na corte, conferindo-lhe o nome de Augusta e o título de imperatriz.
     Helena recebeu o Batismo, provavelmente no ano 307, e foi uma cristã exemplar e testemunha da grande jornada em que Constantino colocou pela primeira vez a cruz nos estandartes de suas legiões para vencer em batalha o seu rival Maxêncio, no mês de outubro do ano 312.
     No início do ano 313 o imperador publicou o Édito de Milão, pelo qual permitia o Cristianismo no Império. Seguindo o exemplo de sua mãe, converteu-se, sendo batizado pelo Papa São Silvestre. Depois de trezentos anos de perseguição, a Igreja de Cristo assentava-se triunfante sobre a terra. A piedosa imperatriz dedicou-se inteiramente a socorrer os pobres e aliviar as misérias de seus semelhantes.
     Quando já anciã - tinha então setenta e sete anos - visitou os santos lugares. Subiu ao topo do Gólgota, onde havia sido erguido um templo à Vênus. Este templo fora construído por ordem do imperador Adriano, que odiava os cristãos, e certamente quis com isso evitar que aquele local fosse venerado pelos discípulos de Nosso Senhor.
     Conhecendo o costume judaico de enterrar no lugar da execução de um malfeitor os instrumentos que serviram para sua morte, Santa Helena mandou derrubar o templo e procurar a cruz onde padecera o Redentor.
     Depois de muitas e profundas escavações, três cruzes foram encontradas. Como não se podia distinguir qual era a cruz de Jesus, levaram-nas a uma mulher agonizante. Ao tocá-la com a primeira cruz, a enferma piorou, ao tocá-la com a segunda, continuou tão doente quanto antes, porém ao tocá-la com a terceira cruz, a enferma recuperou instantaneamente a saúde.
     Santa Helena e o Bispo de Jerusalém, São Macário, e milhares de devotos levaram a Cruz em piedosa procissão pelas ruas de Jerusalém. E pelo caminho se encontraram com uma mulher viúva que levava seu filho morto para ser enterrado. Ao aproximarem a Santa Cruz do morto este ressuscitou.
     Santa Helena fez com que se dividisse a Cruz em três partes. Um dos pedaços foi entregue ao Bispo São Macário, para que o entronizasse na Igreja de Jerusalém; o segundo foi enviado para a Igreja de Constantinopla e o terceiro para Roma. A basílica que abrigou a relíquia chamou-se Santa Cruz de Jerusalém. Mandou também construir três edifícios: um junto ao Monte Calvário, outro na cova de Belém e um terceiro no Monte das Oliveiras.
     Santa Helena estava com oitenta anos quando regressou de sua viagem. Faleceu pouco depois, provavelmente em Tréveris, por volta do ano 328 ou 330. O Martirológio Romano comemora sua festa em 18 de agosto. Uma capela dedicada a ela, em Roma, conserva algumas de suas relíquias.
 
Reflexão: Compreendamos o que representa para uma mulher ao mesmo tempo ser mãe do primeiro imperador cristão e ser aquela que tira das entranhas da terra a verdadeira Cruz, e todos os benefícios que foram espalhados pela terra pela posse da verdadeira Cruz, pela adoração da verdadeira Cruz, pela presença das relíquias da verdadeira Cruz por toda parte. Todos esses benefícios têm Santa Helena na sua origem, aí se compreende o vulto dessa mulher, se compreende a estatura dessa alma, se compreende também o que é uma grande missão. E se compreende algo a respeito do feitio feminino quando ele é verdadeiramente católico. (Plinio Corrêa de Oliveira) 
Helena significa: “tocha resplandecente”.

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