Catarina Boncini nasceu em Pisa, Itália,
em meados do século XIV. Filha de uma família da alta sociedade, ainda estava
no berço quando viu seu Anjo da Guarda e dele recebeu um aviso que preservou
sua vida. Algum tempo depois, ela recebeu uma segunda visita e, a partir daí,
estabeleceu-se entre a alma pura da criança e o espírito benfazejo uma
misteriosa troca de orações e de graças. Foi nesta escola que Catarina aprendeu
os segredos do amor divino.
Sua vida foi especialmente dramática:
enviuvou de Baccio Mancini; e novamente enviuvou de Guilherme Spezzalaste, aos
25 anos. Os vários filhos dos dois casamentos faleceram muito jovens.
Portanto, na Beata Maria de Pisa
encontramos o exemplo de uma serva de Deus que se casou duas vezes e teve muitos
filhos, viveu vários anos no mundo como viúva, ingressou em um convento relaxado,
o reformou, e, finalmente, fundou uma comunidade de observância religiosa
excepcional, na qual morreu numa idade muito avançada em odor de santidade.
Conta-se que Catarina (Maria era seu nome
em religião) aos cinco anos teve uma experiência mística extraordinária. Em um
êxtase, ou visão, presenciou a tortura no potro de Pedro Gambacorta, que havia
sido acusado de conspirar e fora condenado à forca por seus inimigos. A legenda
acrescenta que Catarina rezou com tanto fervor ao presenciar o suplício, que a
corda da forca rompeu e os juízes comutaram a pena de morte. Depois disto, a
Virgem Maria apareceu à Catarina e lhe ordenou que rezasse todos os dias sete
Pai-Nossos e sete Ave-Marias, porque a bondade de Deus a sustentaria nos
perigos.
Catarina casou-se aos 12 anos e teve dois
filhos. Seu primeiro esposo morreu quando a beata tinha 16 anos. Cedendo à
pressão de sua família, Catarina casou-se pela segunda vez. O novo casamento
durou oito anos e dele nasceram cinco filhos. Todos os filhos da beata faleceram
muito jovens.
A família pretendia casá-la pela terceira
vez, mas ela se opôs resolutamente e se entregou de alma e corpo às obras de
piedade e caridade. Em meio às ocupações, aos cansaços, às preocupações que lhe
davam os cuidados com a casa e com a educação de seus filhos, ela soube,
administrando ativa e minuciosamente o seu tempo, encontrar o prazer de se
entreter com Deus na mais alta contemplação. Sua caridade era inesgotável;
jamais um pobre batera em vão à sua porta.
Ela se alegrava, sobretudo, em consolar os
doentes, em cuidar de suas feridas, em oferecer-lhes, juntamente com as
esmolas, palavras de paz e consolação. Ela converteu sua casa em hospital.
Conta-se que acostumava beber o vinho com que lavava as chagas dos enfermos, e
que em certa ocasião experimentou tal doçura ao beber o vinho, trazendo força à
sua natureza, que chegou a convencer-se em seu foro íntimo de que o misterioso
doente a quem havia atendido era o próprio Salvador.
Catarina fez votos de jejuar quatro vezes
por semana, de manter uma dura disciplina quotidianamente e de não se permitir
o mais ligeiro repouso que não fosse sobre um leito de tábuas de madeira.
Naquela época de sua vida Catarina estava
sob a direção dos dominicanos, em cuja Ordem Terceira havia ingressado.
Provavelmente foram aqueles religiosos que a colocaram em contato com Santa
Catarina de Siena, de quem ela se tornou discípula. Ainda se conserva uma carta
que aquela Santa escreveu a "Monna Catarina e Monna Orsola ed altre donne
di Pisa" (Sra. Catarina e Sra. Úrsula e outras senhoras de Pisa).
A conselho de Santa Catarina de Siena, Catarina
ingressou no convento dominicano relaxado da Santa Cruz com o objetivo de
restabelecer nele a estrita observância. A beata conseguiu reformá-lo, mas
aspirava por uma vida de maior perfeição. Assim, junto com a Beata Clara
Gambacorta, saiu do convento de Santa Cruz para fundar outra comunidade em um
convento construído com essa finalidade pelo pai de Clara, o mesmo Pedro
Gambacorta por quem Irmã Maria havia rezado.
Deus abençoou a nova fundação, que se
converteu em um modelo de vida religiosa, famoso em toda Itália. Neste convento
a Beata Maria Mancini faleceu em 22 de janeiro de 1431. Seu culto foi aprovado
em 2 de agosto de 1855 pelo Papa Beato Pio IX.
Seu corpo foi venerado por vários séculos
no seu Mosteiro de São Domingos, em Pisa. O mosteiro foi destruído por
bombardeios na 2ª guerra mundial. A igreja passou a pertencer a Ordem de Malta.
As monjas compraram o Palácio Serafim e o transformaram em mosteiro e para ali
levaram as relíquias das Beatas Maria e Clara.
Hoje as relíquias são custodiadas pelas
irmãs da Congregação das Dominicanas de Santa Catarina, pois as monjas, por
serem em pequeno número, se uniram a outras comunidades de monjas dominicanas
da Itália.
A Beata se distinguiu pelas duras
penitências, visões místicas e por um admirável zelo pelas almas do Purgatório.
A Ordem Dominicana a recorda no dia 30 de janeiro.
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