Embora a Assunção (em latim: assūmptiō - "elevado") tenha sido definida em tempos
relativamente recentes como um dogma infalível pela Igreja Católica, relatos
apócrifos sobre a assunção de Maria ao céu circulam desde pelo menos o século
IV. A própria Igreja Católica interpreta o capítulo 12 do Apocalipse como
fazendo referência ao evento. E a carta de São Paulo (1Cor 15,20-27a) tem gosto de céu: a Assunção de
Nossa Senhora ao céu é considerada como antecipação da ressurreição final dos
fiéis, que serão ressuscitados em Cristo. Portanto, observe-se que a glória de
Maria não a separa da humanidade, não a separa de cada um de nós, mas a une
mais intimamente a nossa pobre humanidade.
A mais
antiga narrativa, o chamado Liber Requiei Mariae ("O Livro do
Repouso de Maria"), sobrevive intacto apenas em uma tradução etíope.
Provavelmente composta no início do século IV, esta narrativa apócrifa cristã
pode ser do início do século III. Também muito primitivas são as diferentes
tradições dos "Narrativas da Dormição dos 'Seis Livros'". As versões
mais antigas deste apócrifo foram preservadas em diversos manuscritos em
siríaco dos séculos V e VI, embora o texto em si seja provavelmente do século
IV.
Apócrifos posteriores que se basearam nestes textos mais antigos incluem
o De Obitu S. Dominae, atribuído a São João, uma obra
provavelmente da virada do século VI que é um sumário da narrativa dos
"Seis Livros". A Assunção também aparece no De Transitu Virginis, uma obra do final do século V
atribuída a São Melito, que preserva uma versão teologicamente editada das
tradições presentes no Liber Requiei Mariae. Transitus Mariae
conta a história de como os Apóstolos teriam sido transportados por nuvens
brancas até o leito de morte de Maria, cada um vindo da cidade em que estava
pregando no momento. O Decretum
Gelasianum, já na década de 490, declarava que a literatura no estilo transitus
Mariae era apócrifa.
Uma
carta em armênio atribuída a São Dionísio, o Areopagita, também menciona o
evento, embora seja uma obra muito posterior, escrita em algum momento do
século VI. São João Damasceno, de sua época, é a primeira autoridade
eclesiástica a advogar a doutrina pessoalmente (e não na forma de obras
anônimas). Seus contemporâneos, São Gregório de Tours e São Modesto de
Jerusalém, ajudaram a promover o conceito por toda a igreja.
A Dormição de Nossa Senhora |
A
doutrina da Assunção de Maria se tornou amplamente conhecida no mundo cristão,
tendo sido celebrada já no início do século V e já estava consolidada no Oriente
na época do imperador bizantino Maurício, por volta de 600. O evento era
celebrado no Ocidente na época do Papa Sérgio I no século VIII e foi confirmada
como oficial pelo Papa Leão VI. O debate teológico sobre a Assunção continuou
depois da Reforma Protestante e atingiu um clímax em 1950, quando o Papa Pio XII
o definiu como dogma para os católicos.
O
teólogo católico Ludwig Ott afirmou que "A ideia da assunção corpórea
de Maria foi expressada pela primeira vez em certas "narrativas de
trânsito" [transitus Mariae] nos séculos V e VI.... O primeiro
autor a falar da assunção corpórea de Maria, em associação com um transitus
apócrifo, foi São Gregório de Tours".
A Igreja
Católica jamais afirmou ou negou que seu ensinamento tenha se baseado em
relatos apócrifos. Os documentos eclesiásticos nada comentam sobre o assunto e,
ao invés disso, apontam outras fontes e argumentos como base para a doutrina.
Nossa
Senhora morreu, na Assunção a presença dEla cessou; nós não a vemos com os
nossos olhos carnais, mas Ela deixou um perfume por toda a Igreja que se
prolongará por séculos, perfume que se exprime pelo inefável que sentimos em
nossa alma quando se fala de Nossa Senhora. Nossa Senhora continua a visitar os
seus filhos, não há palavras para exprimir o inexprimível: Ela é a Mãe de Nosso
Senhor Jesus Cristo, está tudo dito!
Fontes:
Senhora Zeni, bom dia.
ResponderExcluirPertenço à ABRHAGI (Academia Brasileira de Hagiologia), cuja sede é em Fortaleza, CE, no entanto, como diz o nome, abrange todo o território nacional. . Em breve, será aberto edital para preenchimento de cadeiras vacantes. Considero a senhora uma grande hagióloga e pesquisadora sacra. Seria muito bom se a senhora se candidatasse ao preenchimento de uma das cadeiras. Qual é seu email, para que eu possa lhe enviar o edital quando o mesmo for lançado?