Fernando
II, imperador da Alemanha, para expressar sua gratidão a Nosso Senhor pela
insigne vitória alcançada em uma batalha, construiu em 1620, na cidade de
Praga, um convento de Padres Carmelitas.
A Boêmia passava por momentos muito
difíceis, assolada por guerras sangrentas. A cidade de Praga era vítima das
mais indizíveis calamidades. Neste contexto, chegam estes excelentes
religiosos, cujo mosteiro carecia até do indispensável para sua sobrevivência.
Nessa época, vivia em Praga a piedosa
princesa Polyxena Lobkowicz. Sofrendo na alma as prementes necessidades dos
Carmelitas, presenteou-lhes com uma pequena imagem de cera, de 48 cm., que
representava um formoso Menino Deus, de pé, com a mão direita erguida em
atitude de bênção. A mão esquerda segurava um globo dourado. Seu rosto era
muito amável e gracioso. A túnica e o manto tinham sido confeccionados pela
própria princesa.
Acredita-se que a imagem tenha sido
esculpida no século XVI na Espanha, em um mosteiro entre Córdoba e Sevilha,
como uma cópia de uma outra imagem do local. Ali foi adquirida por Doña Isabela
Manriquez de Lara y Mendoza, que a deu como presente de casamento à sua filha
Maria Manriquez de Lara, quando esta desposou o nobre checo Vratislav de
Pernstein. Mais tarde a imagem foi transmitida à geração seguinte, também como
dote de casamento, quando sua filha Polyxena casou-se em primeiras núpcias com
Vilem de Rozumberk.
A princesa Polyxena, ao dar a estátua aos
religiosos carmelitas, disse-lhes: "Meus
padres, entrego-lhes o maior tesouro que possuo neste mundo. Prestem muitas
honras a este Menino Jesus e nada lhes faltará".
Os Carmelitas, muito agradecidos,
receberam a imagem, colocaram-na no oratório interno do convento, passando a
ser venerada por aqueles bons religiosos, especialmente pelo Padre Cirilo. Sem
dúvida, este homem poderia receber o título de "Apóstolo do Divino Menino
Jesus de Praga".
A profecia da piedosa princesa cumpriu-se
literalmente. Não tardaram a se manifestar os efeitos maravilhosos da proteção
do Divino Menino. Muito rapidamente, e em várias ocasiões, verificaram-se
inúmeros prodígios e as necessidades do mosteiro foram milagrosamente
socorridas.
Mais uma vez explode a guerra na Boêmia.
Em 1631, o exército da Saxônia se apodera da cidade de Praga. Os Padres
Carmelitas, prudentemente, acharam por bem transferir-se para Munique. Durante
essa época tão desastrosa, especialmente para Praga, a devoção ao Menino Jesus
caiu no esquecimento. Os hereges destruíram a Igreja, saquearam o mosteiro,
entraram no oratório interno, zombaram da imagem do Menino Jesus e lhe
quebraram as mãos, jogando-a com desprezo atrás do altar.
No ano seguinte, com a retirada dos
inimigos de Praga, os religiosos puderam retornar ao seu convento. Mas ninguém
se lembrou da preciosa imagem. Por isto, sem dúvida, o mosteiro viu-se reduzido
à miséria, como o resto da população. Os religiosos careciam de alimentos e dos
recursos necessários para a restauração de sua casa.
Em 1637, após sete anos de desolação, o
Padre Cirilo retornou a Praga. A Boêmia, cercada de inimigos por todas os
lados, corria o risco de sucumbir e, quem sabe, até de perder o dom inestimável
da fé. Em meio a tais agruras, enquanto o Padre Guardião exortava aos
religiosos para que insistissem junto a Deus para colocar fim a tantos males, o
Padre Cirilo aproveita para falar-lhe da inesquecível imagem do Divino Menino.
Obtém licença para buscá-la e a encontra, finalmente, entre os escombros detrás
do altar. Limpou-a e a cobriu de beijos e lágrimas. Estando ainda intato o
rosto da imagem, ele a expôs no coro para que os religiosos a venerassem.
Estes, confiantes em sua proteção, se ajoelharam diante do Divino Infante,
implorando para que fosse seu refúgio, fortaleza e amparo em todos os sentidos.
A partir do momento em que a imagem foi
colocada em seu lugar de honra, o inimigo bateu em retirada e o convento foi
reabastecido de tudo que os religiosos necessitavam.
Certo dia, o Padre Cirilo rezava diante da
imagem, quando ouviu claramente estas palavras: "Tende piedade de mim e eu
terei piedade de vós. Devolvei minhas mãos e eu vos devolverei a paz. Quanto
mais me honrardes, tanto mais vos abençoarei". Realmente a imagem estava
sem as mãos, detalhe para o qual o Padre Cirilo não atentara, de tão alegre que
estava. Surpreso, o bom Padre correu imediatamente à cela do Padre Superior e
lhe contou o fato, pedindo-lhe para mandar reparar a imagem. O Superior se
negou a atendê-lo, alegando a extrema pobreza do convento.
O humilde devoto de Jesus foi chamado a
atender um moribundo, Benedito Maskoning, que lhe deu 100 florins de esmola. Padre
Cirilo levou o dinheiro ao Superior, convicto de que poderia usá-lo para
consertar a imagem. Mas o Superior achou melhor comprar outra imagem, ainda
mais bela. E assim foi feito. O Senhor não demorou a manifestar seu desagrado.
No mesmo dia da inauguração da nova efígie, um candelabro que estava bem fixo e
seguro na parede se soltou e caiu sobre a imagem, despedaçando-a. O Padre
Superior adoeceu e não pôde terminar seu mandato.
Foi eleito um novo Superior. Padre Cirilo
volta a suplicar-lhe para consertar a imagem. Mais uma vez seu pedido foi
rejeitado. Sem desanimar, o Padre Cirilo recorreu a Nossa Senhora. Mal
terminara sua oração, chamam-no à igreja. Aproxima-se dele uma senhora de
aspecto venerável, que lhe entrega uma vultosa esmola. Esta senhora desaparece
sem que ninguém a tivesse visto entrar nem sair da igreja. Cheio de alegria, o
padre foi contar ao Superior o que se passara, mas este só lhe deu meio florim
(25 centavos). Sendo tal soma insuficiente para restaurar a imagem, tudo voltou
à estaca zero.
Novas calamidades recaíram sobre o
convento. Os religiosos não podiam pagar as despesas de uma propriedade
improdutiva que haviam arrendado. Os rebanhos morreram, a peste devastou a
cidade. Muitos carmelitas, inclusive o Superior, foram açoitados. Todos
recorreram ao Menino Jesus. O Superior se penitenciou e prometeu celebrar 10
missas diante da imagem e propagar seu culto. A situação melhorou
consideravelmente, mas como a imagem continuava no mesmo estado, o Padre Cirilo
não se cansava de se lamentar diante de seu generoso protetor, quando ouviu de
seus divinos lábios estas palavras: "Coloca-me na entrada da sacristia e
encontrarás quem se compadeça de mim".
Com efeito, apareceu um desconhecido que,
notando o belo Menino desprovido de mãos, ofereceu-se espontaneamente para
colocá-las, não demorando a ser recompensado: em poucos dias ganhou uma causa
quase perdida, com a qual salvou sua honra e sua fortuna.
Os inúmeros benefícios alcançados por
intermédio do milagroso Menino multiplicavam dia a dia o número de seus
devotos. Por isto os carmelitas desejavam construir-lhe uma capela pública,
considerando que o lugar onde deveriam levantá-la já fora indicado pela
Santíssima Virgem ao Padre Cirilo. Porém, faltavam os recursos e, além do mais,
tinham medo de iniciar esta nova construção num tempo em que os calvinistas
estavam arrasando todas as igrejas. Contentaram-se em colocar a imagem na
Capela exterior, sobre o altar-mor, até 1642, quando a princesa Lobkowicz
mandou construir um novo santuário, inaugurado em 1644, no dia da festa do
Santíssimo Nome de Jesus.
Vinham pessoas de todas as partes para
prostrar-se diante do milagroso Menino: pobres, ricos, enfermos, toda espécie
de pessoas referia-se a Ele como remédio para todas as suas tribulações.
Em 1655, o Conde Martinitz, Grão Marquês
da Boêmia, brindou a imagem com uma preciosa coroa de ouro cravejada de pérolas
e diamantes. O Reverendo D. José de Corte colocou-a no Menino em uma solene
cerimônia de coroação.
Graças e maravilhas incontáveis atribuídas
ao "pequeno Grande" (assim chamam na Alemanha o Menino Jesus de Praga)
divulgaram-se nas regiões mais longínquas, o que fez seu culto se espalhar até
os nossos dias de uma maneira prodigiosa.
Igreja de Na. Sra. da Vitória |
A devoção ao Menino Jesus de Praga foi
acolhida com amor em todas as nações. Mosteiros, colégios, escolas e famílias
têm-lhe dedicado magníficos tronos. Numerosas paróquias possuem a imagem real
e, em todos os lugares em que o honram, o Menino Jesus de Praga derrama
inestimáveis favores sobre seus devotos. O Divino Menino deseja cumulá-los de
graças. Veneremo-lo, tornemo-lo conhecido e amado, e ele nos abrirá os tesouros
de sua bondade.
As práticas de piedade estabelecidas em
honra do Menino Jesus de Praga são inumeráveis, mas aquelas pelas quais ele tem
revelado sua especial complacência são: a Ladainha do Nome de Jesus; a
recitação de 5 Pai Nossos, Ave-Marias e Glórias, seguidos da jaculatória:
"Bendito seja o Nome do Senhor agora e por todos os séculos dos
séculos", que também deve ser repetida 5 vezes; a oração eficaz do Padre
Cirilo; a oração do Rosário do Menino Jesus; e, finalmente, a celebração de sua
festa, que é a festa de Seu Santíssimo Nome, no Segundo Domingo após a
Epifania.
A leitura da história do milagroso Menino
Jesus de Praga leva-nos a perceber que frequentemente as graças solicitadas são
concedidas após uma novena de súplicas e orações rezadas em sua honra. Também
se nota que graças especiais são facilmente obtidas nas seguintes situações:
quando se mandam celebrar missas, doam-se esmolas aos pobres em seu nome e
quando os devotos se propõem a participar dos sacramentos e a publicar as
graças recebidas.
Por meio desta nova e simpática
manifestação do amor divino Jesus deseja por fim a uma calamidade atual que se
generalizou pelo mundo inteiro: a perdição da infância causada pela educação
anticristã (*). Nosso Senhor Jesus Cristo, que sempre demonstrou um amor de
predileção às crianças, manifesta claramente, através desta devoção, o seu
grande desejo de ser honrado de forma especial como Rei e Salvador da infância,
e quer, por isto, transmitir ao mundo inteiro, especialmente às crianças, os
méritos das humilhações sofridas em sua divina infância.
Nota:
A festa do Menino Jesus de Praga se celebra no primeiro domingo do mês de
junho.
(*)
O que dizer da nefasta Ideologia de Gênero que está ameaçando nossas crianças e
adolescentes nos dias atuais? Que o Santo Menino vele por nossas crianças!
Adendo
Branco: cor de
glória, pureza e santidade – nas festas de Páscoa e Natividade
Vermelho: a cor do
sangue e do fogo – para a Semana Santa, Pentecostes e a Festa da Santa Cruz
Violeta: a cor do
arrependimento – para o período do Advento e da Quaresma
Verde: a cor da
vida e da esperança – durante o entretempo litúrgico (é a cor mais comum)
Segundo as fontes, a imagem do Menino
Jesus tem sua origem na Espanha. É provável que tenha sido talhada na Espanha
na segunda metade do século XVI ou antes. A legenda narra que o Menino Jesus
apareceu milagrosamente a um monge, que criou a imagem a partir de sua visão.
Outra legenda diz que a imagem pertencia a Santa Teresa de Jesus, que venerava
enormemente a infância de Jesus e difundiu a veneração ao Menino Jesus na
Espanha. Diz-se que ela deu a imagem a uma amiga cuja filha ia se casar em
Praga.
Viagem a Praga
Sabe-se com certeza que a imagem do Menino
Jesus foi levada para Praga pela duquesa espanhola Maria Manriquez de Lara, que
se casou com Vratislav de Pernstein em 1556. Mais tarde, ela deu a imagem à sua
filha Polyxena de Lobkowicz como presente de casamento. Esta princesa venerava
a imagem e obteve consolo e ajuda em numerosas ocasiões.
Ditaduras totalitárias
Devido às ditaduras nazi e comunista, a
veneração foi silenciada durante mais de 50 anos. Entretanto, ainda assim
muitos peregrinos viajavam para ver o Menino Jesus, principalmente os fiéis de
países de língua espanhola.
Em 1991, os Carmelitas Descalços
regressaram à Igreja de Nossa Senhora da Vitória. A veneração pelo Menino Jesus
renasceu.
O acontecimento mais importante sem dúvida
foi a visita do Papa Bento XVI em 2009. Em seu discurso o Papa disse que o
Menino Jesus de Praga demonstrava a proximidade e o amor de Deus através de sua
ternura infantil. O Papa também rezou pelas famílias que sofrem rupturas e
infidelidades; ofereceu uma coroa ao Menino Jesus como presente.
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