segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Beata Júlia Della Rena de Certaldo - 9 de janeiro

Martirológio Romano: Em Certaldo, na Toscana, Beata Júlia della Rena, da Ordem Terceira de Santo Agostinho, que permaneceu encerrada em uma pequena cela junto à igreja, na qual viveu somente para Deus.

     Júlia Della Rena, conhecida como Beata Júlia, viveu em uma cela localizada em Certaldo. Ela se dedicou completamente à penitência e à oração e morreu após trinta anos de isolamento.
     A pobreza das fontes literárias em relação a Beata Julia é desconcertante: muito do que sabemos é, de fato, o resultado da tradição oral.
Infância entre Certaldo e Florença
      Tendo nascido em 1319 na nobre família Della Rena, em decadência, ficando órfã muito jovem, Júlia foi para Florença e passou a trabalhar para a família Tinolfi, com quem era aparentada.
     Em contato com os agostinianos e sua espiritualidade e com receio das tentações que uma cidade como Florença poderia oferecer, ela decidiu tomar o hábito das agostinianas seculares. Sentindo-se chamada à uma vida mais radical e austera, decidiu a abandonar a cidade de Florença e refugiar-se em um lugar solitário em Certaldo.
      Uma vez chegada ao seu destino, ela salvou um menino de um prédio em chamas, provocando a admiração de seus concidadãos: isto desencadeou a decisão de se trancar em uma pequena cela perto da abside da igreja dos Santos Tiago e Filipe.
     Primeiro foram abertas duas pequenas janelas: uma que dava para a igreja, para assistir aos atos litúrgicos; outra para o exterior, com a finalidade de receber o alimento que a piedade popular lhe oferecesse. Fez colocar sobre uma parede um crucifixo e depois, com solenidade, foi colocado um muro que impossibilitasse o acesso à cela.
     Como as reclusas, Júlia não mais deixaria a pequena cela e viveria segregada do mundo por um período de cerca de 30 anos, percorrendo a via da ascese e da mística. Penitência e oração eram suas ocupações cotidianas.
     Os habitantes de Certaldo e arredores tinham como ocupação mantê-la com vida. Conta a tradição popular que inclusive as crianças corriam muitas vezes para ajudá-la, levando-lhe algum alimento, e que Júlia agradecida e sorridente lhes retribuía com flores frescas em qualquer estação do ano.
     Nada mais se sabe dela a não ser que era muito venerada por seus concidadãos pela vida de piedade que seus olhos deixavam transparecer.
O funeral
     A morte chegou em 9 de janeiro de 1367 (ou 1370): os moradores de Certaldo foram alertados pelo som dos sinos que misteriosamente começaram a tocar sozinhos. As exéquias foram celebrados com grande presença do público e houve numerosos milagres em torno de seu caixão.
     Já em 1372 um altar foi erguido na igreja dos Santos Tiago e Filipe para guardar seus restos mortais.
     Ao longo dos séculos, seu túmulo viu transformações notáveis. Atualmente, seus restos ainda estão na igreja dos Santos Tiago e Filipe, em um nicho recentemente construído (nos anos sessenta do século XX), aproximadamente no mesmo ponto em que o primeiro altar de 1372 foi erguido; acima desse nicho foi colocada a placa do século quinze onde os episódios de sua vida são ilustrados.
Celebrações
     Desde 1506 o município de Certaldo contribuía para a festa em honra da Beata, a cuja proteção foi atribuída várias vezes a libertação de contágios e de pestes.
      Todos os anos, no primeiro domingo de setembro, a cidade celebra a sua festa com uma procissão que vai da vila medieval até a parte baixa da cidade para terminar na propositura de Santo Tomás; na quarta-feira seguinte, uma procissão carrega a urna com os restos mortais da Beata da propositura à igreja dos Santos Tiago e Filipe, em Certaldo Alto.
      Originalmente o festival era celebrado no dia 9 de janeiro, o dia da morte, como acontece com todos os santos, mas devido aos rigores do inverno, a festa foi movida para o primeiro domingo de setembro, para ter um comparecimento maior de pessoas e para mais dignamente comemorar a santa padroeira.
      Alguns anos atrás, surgiram os "Cavaleiros de Beata Júlia", um grupo que segue atividades paroquiais e mais de perto o culto da Beata, patrona de Certaldo.
     Seu culto imemorial foi confirmado por SS Pio VII em 1819.

Fontes: www.santiebeati/it; www.wikipedia

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