sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Beata Cristina de L'Aquila, Abadessa agostiniana - 18 de janeiro

    
    A primeira biografia sobre a vida terrena da Beata foi escrita por um nobre de Aquila por volta de 1595, 52 anos após a morte de Cristina. Outra foi encontrada em Colônia, Alemanha, impressa em latim e assinada por Cornelius Curtius, um douto agostiniano belga, historiador da ordem a qual pertencia.

     Mattia Ciccarelli, filha de Domingos e Maria de Perícolo, nasceu em Colle di Lucoli, província de L’Aquila (Itália), em 24 de fevereiro de 1480. Foi a última de seis irmãos.
     Desde a mais tenra idade Mattia se distinguiu pelas virtudes da obediência, humildade e modéstia. Seu amor pela oração a levava a se retirar em recantos mais escondidos da casa onde se prostrava devotamente diante de uma imagem da Virgem da Piedade. Às orações unia constantemente mortificações e rigorosos jejuns, flagelando seu corpo para apagar dele todo sinal de beleza e impedir assim ser admirada, já que era muito bela de aspecto.
     Aos onze anos conheceu o Beato Vicente de L’Aquila, que seria seu diretor espiritual e a quem confiou seu íntimo desejo de consagrar-se por completo a Deus abraçando a vida religiosa.
     Conta seu biografo que um dia Mattia ameaçou um rapaz habituado a blasfemar e a ofender sobretudo Santo Antônio: “Se não parares de blasfemar contra o santo abade, vejo um negro demônio sobre seus ombros pronto para sufocar na garganta uma blasfêmia!” Tempos depois, o jovem, cavalgando em um asno lento no caminhar, lançou uma blasfêmia contra Santo Antônio; tendo sido lançado por terra pelo animal, fraturou o crânio e teve uma morte pavorosa.
     Em junho de 1505 Mattia entrou no Mosteiro de Santa Lucia das Agostinhas observantes, em L’Aquila, onde tomou o véu e mudou seu nome pelo de Cristina. A grande piedade, a submissão mais completa e a absoluta humildade de que deu cotidianamente claras provas, lhe alcançaram em breve a veneração de todas as irmãs de hábito que não tardaram em elegê-la abadessa, cargo para o qual, muito a contragosto seu, foi reeleita repetidas vezes.
     Conhecida por sua santidade, por suas visões e milagres realizados, Cristina era visitada continuamente por uma grande multidão de pessoas das mais modestas às mais distinguidas.
     Entre os diversos êxtases com que Deus quis favorecê-la, dois são verdadeiramente admiráveis: o que ela teve em uma solenidade da festa de Corpus Christi, quando foi encontrada erguida a mais de cinco palmos do chão, enquanto sobre seu peito resplandecia a Hóstia Santa dentro de um ostensório de ouro (é como a Beata costuma ser representada); e o segundo aconteceu em uma Sexta-feira Santa e um Sábado Santo, nos quais, segundo sua própria confissão, chegou a sentir em sua carne grande parte das dores da Paixão de Nosso Senhor.
     Devota de São Marcos, Cristina recitava o santo rosário todos os dias em sua honra; um dia lhe apareceu São Martinho de Tours e lhe perguntou: “Por que honras com tanto afeto São Marcos e não fazes o mesmo comigo?”, desde então a Beata Cristina passou a rezar para ele e a se recomendar a este santo.
     De saúde precária e afligida por diversas enfermidades, Cristina faleceu em 18 de janeiro de 1543. Iniciou-se então um longo elenco de milagres e graças obtidos por sua intercessão: curou a chaga de um lenhador, sarou duas feridas mortais de um oficial de justiça, obteve a visão a um cego, curou a perna e o ombro de um dominicano, tornou são o fêmur de um franciscano e livrou uma monja de uma terrível hemicrania.
     Cornelius Curtius conclui: “Eu acrescentaria outros casos, se não fosse causar tédio aos leitores pela semelhança que há entre eles. São suficientemente válidos estes testemunhos que demonstram que Cristina vive entre aqueles de celeste vida imortal sem se esquecer dos mortais”.
     Em 12 de outubro de 1908, quando o mosteiro das agostinianas de Santa Lucia foi suprimido os restos mortais da Beata foram trasladados para o Mosteiro de São Amico.
     O culto público iniciado imediatamente após sua morte foi confirmado por Gregório XVI em 1841.
 

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