Santa Nino é mencionada em
uma página que o historiador Rufino, amigo de São Jerônimo, anexou à “Storia
Ecclesiastica” escrita pelo grande bispo e historiador Eusébio de Cesareia.
No século IV, o povo da Ibéria Caucasiana,
atual Geórgia, por ocasião de uma incursão efetuada por eles nas várias
províncias orientais do Império Romano, levaram com eles da Capadócia uma
prisioneira cristã que – segundo outros documentos históricos bizantinos,
armênios, georgianos – tinha o nome de Nouné e que se modificou na literatura
georgiana e russa para Nino.
Tornando-se escrava na corte real de Mzekheta,
não distante de Tbilissi, ela guardou sua fé. Ela vivia em castidade cristã,
humildade e oração, e todos que a conheciam, pagãos e idólatras, a admiravam
sem compreender; para explicar seus dotes e virtudes diziam dela: “É uma cristã”, e este nome prevaleceu e
por isso é chamada também de Santa Cristiana.
A rainha da Geórgia tomou conhecimento que
Cristiana havia curado uma criança cobrindo-a com seu cilício; ela mandou
chamá-la porque sofria de uma grave doença, mas obteve como resposta: “Meu lugar não é num palácio”. A rainha
foi até a casa de Cristiana e recuperou a saúde. Ela desejava cobrir sua
benfeitora de presentes, mas esta lhe respondeu: “A única coisa que pode fazer minha felicidade será o rei e vós mesma
abraçar a fé cristã”. A rainha logo se converteu ao Cristianismo e,
vencendo a resistência do esposo, o convenceu a abraçar a nova fé.
Convertido, o rei por sua vez recebeu
favores celestes e entregou à escrava cristã o projeto de construção de uma
igreja, utilizando para isto os operários mais hábeis. Durante a construção “a
apóstola” operou prodígios que a fizeram ainda mais estimada pelo povo, ao qual
incessantemente ensinava os preceitos cristãos. Assim, em 334 foi construída a
primeira igreja cristã que foi concluída em 379, no local onde agora está a
Catedral Svetitskhoveli em Mzekheta.
O rei enviou uma delegação ao imperador
Constantino o Grande (280-337) para pedir-lhe que enviasse um bispo e padres
para seu país. Quando o bispo chegou à Geórgia encontrou um povo já convertido
graças à cristã Nino e pode administrar-lhe o Batismo.
Santa Nino se retirou para a região de
Bobde, Kakheti. Após sua morte, o Rei Mirian iniciou a construção de um
mosteiro naquele local, onde seu túmulo ainda pode ser visto no pátio da
igreja. Em Mzekheta um pequeno oratório ainda hoje recorda o batismo da Geórgia.
O culto pela santa “apóstola” da Geórgia
se difundiu por todo o Oriente e as várias Igrejas: Armênia, Grega,
Alexandrina, Georgiana a recordam em seus menologios em datas diferentes. Na
Armênia, ela é conhecida como Santa Nuneh. A história de como ela foi a única
das 35 monjas companheiras das Santas Gaiana e Hripsime a escapar da morte nas
mãos do pagão Rei Tiridates III (convertido ao Cristianismo posteriormente com
toda a família) em 301, é relatada no livro “A história dos armênios”, de Movses
Khorenatzi (Moisés de Khoren), que foi escrito aproximadamente no ano 440.
No Ocidente a Santa ficou conhecida pelos
martirologios medievais. O Cardeal Cesar Baronio (1538-1607), compilador do
Martirologio Romano no século XVI, introduziu a sua memória arbitrariamente no
dia 15 de dezembro. A nova edição revista de 2003 registrou a antiga data de
celebração, 14 de janeiro, com o nome de Santa Nino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário