Luísa provavelmente nasceu em
Bourg-en-Bresse no dia 28 de julho de 1462, quinta de nove filhos do Beato
Amadeu IX de Saboia e de Iolanda de França, irmã do rei Luís XI. Por parte da
mãe era neta do Rei Carlos VII da França, sobrinha do Rei Luís XI e prima de
Santa Joana de Valois.
A capital do ducado era Chambery, mas a
corte era itinerante para um controle direto dos territórios sob sua
jurisdição. A Casa de Saboia já então era proprietária do Santo Sudário,
tesouro precioso que acompanhava a corte em seus deslocamentos. Podemos
imaginar toda a veneração de que esta relíquia era alvo por parte de Amadeu e
da pequena Luísa.
Extremamente religioso e magnânimo, depois
de ter assegurado ao seu povo um longo período de paz, o Beato Amadeu morre em
Vercelli no dia 30 de março de 1472, aos trinta e oito anos de idade. Luísa não
tinha ainda dez. Herdou do pai uma fé profunda; a mãe, de caráter mais forte do
que o esposo, tornara-se regente do ducado há alguns anos.
A menina foi educada admiravelmente por
sua mãe. Desde muito pequena dava mostras de possuir qualidades espirituais
extraordinárias. Catarina de Saulx, uma das damas de honra de Luísa escreveu
sobre ela as seguintes palavras: “Era tão
doce e generosa, bem disposta e amável, que despertava o afeto de todos que se
deixavam levar por sua atração e conquistar pelo seu encanto”.
A doçura da jovem Luísa atraiu Hugo de
Châlons-Arlay, Senhor de Château-Guyon catorze anos mais velho do que ela,
membro do ramo deposto dos Senhores de Borgonha, hóspede em Chambery durante
sete anos após ter caído em desgraça.
Os eventos políticos daqueles tempos eram
muito complicados, os interesses territoriais causavam numerosas guerras.
Iolanda selara um pacto com Carlos o Temerário, Duque de Borgonha, mas sendo
alvo de uma suspeita de complô, foi presa com os filhos pelo seu aliado (1476).
Na solidão de uma prisão não tão rígida, Luísa fez um retiro e conheceu o
franciscano Padre João Perrin, que no futuro teria muita importância para ela.
Hugo visitou-a na prisão e entre eles foi
crescendo o afeto. Embora Luísa começasse a desejar o retiro na clausura, foi o
Padre Perrin quem a convenceu de que também no matrimônio ela poderia viver
santamente.
Entrementes, devido a
intercessão do Rei Luís XI, Iolanda e os filhos foram libertados. Iolanda morreu
no Castelo de Moncalieri no dia 29 de agosto de 1478. Luísa e a irmã Maria
foram conduzidas à corte de Luís XI que se considerava tutor natural das sobrinhas.
Ele tinha um interesse: o casamento da sobrinha com Hugo de Châlons significava
ter um importante aliado. Luísa aquiesce.
As núpcias foram celebradas solenemente em
Dijon a 24 de agosto de 1479. Luísa tinha dezessete anos. O Castelo de Nozeroy
foi escolhido para morada do novo casal. Hugo se tornara proprietário de um
patrimônio considerável; nos arquivos de Arlay e de Besançon podemos tomar
conhecimento das largas doações feitas pelo casal aos menos favorecidos.
O Senhor de Nozeroy era um homem tão bom
quanto rico. De acordo com sua esposa, impôs em seu castelo uma vida
perfeitamente católica. Tanto por exemplo como por preceito, marido e mulher
criarão um nível de vida moral e material para todos os que moravam em suas
terras e dependiam deles de alguma maneira. Em contrate com os palácios e residências
de outros nobres, o suntuoso palácio dos de Châlons parecia um mosteiro. Com
grande empenho se combatia o costume de jurar ou de usar palavras grosseiras.
Luísa foi a primeira dama a ter uma caixa
para os pobres, na qual todos os que viviam ou visitavam sua casa tinham a
obrigação de colocar dinheiro, caso jurassem ou dissessem palavras feias. Luísa
prodigalizou grande caridade aos enfermos e necessitados, viúvas e órfãos,
especialmente aos leprosos. Ela se dedicava pessoalmente na confecção de
tecidos para distribuí-los aos pobres ou para ornamentar as igrejas.
Nas vigílias das festas de Nossa Senhora,
dizia Luísa, 365 Ave-Marias. Rezava muitas vezes o saltério. Confessava-se
frequentemente e comungava nas festas. Muitas vezes, depois duma festa mundana,
dizia: “Senhor Deus, quanto estou
aborrecida! De tudo isto será preciso dar contas”. Os decotes
desgostavam-na e ela proibia-os às suas damas. Não queria que se jogasse a
dinheiro, mas tolerava, caso se tratasse de insignificâncias. E a quem perdia
aconselhava: “Dê tudo por Deus, não
conserve nada”.
Enfim, a oração era o fundamento da união
do casal. Tão feliz união, entretanto, durou somente dez anos: em 1490 a dor golpeia Luísa
novamente. Depois de ter assistido seu esposo até seu sepultamento, restava a
ela como único refugio a fé. O casal não tivera filhos; Luísa poderia viver
como rica viúva no seu castelo, ou contrair um novo casamento, mas seu desejo
maior era de consagrar-se ao Senhor.
O Padre Perrin a guiou espiritualmente até
seu ingresso no Mosteiro de Santa Clara de Orbe (Vaud, atual Suíça). Ela
precisou de dois anos para colocar em ordem todos os assuntos; durante este
período usou o hábito dos terciários franciscanos, aprendeu a rezar o Ofício
Divino e se levantava a meia-noite para rezar Matinas. Toda sexta-feira se
disciplinava. Distribuiu sua fortuna, contestou as objeções de seus parentes e
amigos.
Em vida do marido, na Quinta-feira Santa
ele lavava os pés a treze pobres e ela a treze mulheres. Morrendo ele, ela
manteve as treze mulheres da Semana Santa, mas acrescentou, em todas as
sextas-feiras, a lavagem dos pés de cinco pobrezinhas, dando-lhes depois
esmola.
Finalmente, em 1492, acompanhada de suas
duas damas de honra, Catarina de Saulx e Carlota de Saint-Maurice, foi admitida
no Convento das Clarissas Pobres de Orbe. Este mosteiro havia sido fundado pela
mãe de Hugo de Châlons, e desde 1427 era ocupado por uma comunidade de Santa
Coleta, a reformadora francesa das Clarissas. Muitas vezes Luísa ali fora para
rezar e visitar sua cunhada, Filipina, monja naquele mosteiro.
O hábito simples franciscano substituiu as
roupas preciosas. Tendo sido um modelo de donzela, de esposa e de viúva, Luísa
se tornou um modelo de monja. Foi sempre uma religiosa exemplar. Grande era seu
espírito de piedade e de oração, em uma atmosfera austera e pobre. Sua
humildade era sincera e natural: lavava os pratos, varria, ajudava na cozinha,
limpava os corredores e tudo fazia bem e com gosto. Com a mesma simplicidade e
naturalidade aceitou e desempenhou o cargo de abadessa quando a elegeram. Neste
cargo mostrou especial solicitude em servir aos frades de sua Ordem, e qualquer
deles que chegassem a se hospedar no convento era atendido regiamente; a
presença dos padres e dos irmãos era como uma bênção de Deus e nada podia
faltar aos filhos do “bom pai São Francisco”.
Escreveu meditações sobre o Rosário e
é-lhe atribuído um pequeno tratado sobre a importância da fidelidade à Regra, e
os sinais de tibieza num mosteiro. Citemos: “Quando se frequentam demais os
locutórios... Quando se leem livros espirituais mais para aprender do que
praticar; quando se leem capítulos por costume e se dizem culpas a fingir e não
para procurar emenda... Quando se tem mais cuidado do exterior que do
interior...”. Estes manuscritos foram levados pelas irmãs quando da
transferência de Orbe para Evian, mas hoje estão desaparecidos.
No último período de sua vida Santa Luísa
sofreu diversas doenças. Morreu sussurrando o nome da Virgem Maria no dia 24 de
julho de 1503. Tinha somente quarenta anos; foi sepultada no cemitério do
convento. A fama de sua santidade logo se difunde; as primeiras notas
biográficas foram escritas por Catarina de Saulx, sua companheira fiel por
vinte anos, antes e depois da entrada no mosteiro.
Quando em 1531 as monjas foram expulsas de
Orbe, os seus despojos, bem como os da cunhada Filipina, foram colocados em uma
única arca de carvalho, transportada para o convento franciscano de Nozeroy.
Durante a nefasta Revolução Francesa o convento foi destruído e se perdeu
qualquer pista dos túmulos.
Em 1838, escavações foram feitas em busca
da arca, a qual foi encontrada em boas condições. Os ossos de Luísa foram
reconhecidos pelo médico David após uma escrupulosa perícia, baseada na altura
e idade das duas falecidas. Foram confiadas ao Mons. Vogliotti, capelão régio,
a fim de serem transportadas a Turim para serem colocadas, com as devidas
honras, na capela interna do Palácio Real, na época paróquia, junto ao altar
dedicado ao pai de Luísa, o Beato Amadeu IX (1840).
O Papa Gregório XVI confirmou, em 1839, o
culto prestado deste tempo imemorial à beata. Teve Ofício e Missa nas dioceses
do antigo reino da Sardenha, a 11 de agosto, e entre os franciscanos, a 1º de outubro;
ficou sendo festejada a 24 de julho.
Fontes: www.santiebeati.it
Livro
Santos de cada Dia, de www.jesuitas.pt
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